sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Então é natal...



Ou no melhor estilo angolano o dia da família, pois durante muito tempo angola seguiu as influencias cubanas que não comemoram o natal, mas claro não podiam perder a quadra festiva e o natal virou o dia da família...

Natal em Angola para grande parte dos expatriados tem outro significado a melhor frase de cinema que vem na minha cabecinha nessas horas é:” ET for home”, e com o dedinho levantado e tudo.. rs

Natal significa voltar pra MINHA casa, pra MINHA família e para os MEUS amigos.
Eu já estou de malas prontas, portanto menina de angola, volta a ser menina brasileira pelos próximos 20 dias.

Espero que todos tenham uma ótima quadra festiva e um ano novo pra lá de especial...

Em 2009, estamos juntos!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

GAPA a missão



A semana passada o GAPA fez a primeira entrega de presentes de natal e a emoção foi imensa e indescritível. Esse final de semana repetimos a dose, para se ter uma idéia do que aconteceu esse final de semana multiplique por 3 tudo que foi dito semana passada.

Chegamos a igreja pentecostal onde nos aguardavam mais de 1500 crianças, ufa! Tivemos de montar uma estratégia ferrenha para dar conta de todas essas crianças e não deixar nenhuma sem presente. Como já sabíamos que haveria muito mais crianças (ano passado foram 800 apenas), separamos presentes coringa, apenas com bola, ou seja, poderia ser dado tanto para meninos como para meninas.



Pedimos para que todos os meninos e meninas saíssem da igreja por portas separadas, eles teriam de dar a volta na igreja entrar cada um por um lado distinto. Na teoria tudo é fácil mas na prática houve uma revolução pq não havia cristo que colocasse as meninas em fila, elas se amontoaram na porta no maior empurra empurra. Enquanto isso do outro lado os meninos estavam lá bonitinhos na fila, tudo bem que eles não eram tantos quanto as meninas e a fila também não era assim tão organizada, RS.

Na igreja havia 4 portas e colocamos 2 “seguranças” em cada uma, assim quem entrasse e ganhasse o presente não poderia sair e entrar na fila novamente (sim eles fazem isso). Começou a distribuição as crianças entravam bonitinhas e enquanto alguns amigos davam os presentes outros as encaminhavam para sentarem no fundo da igreja.



Tudo lindo na teoria... Até começarem a aparecer uns toquinhos de gente menor que os pacotinhos que nos dávamos. Não sei como elas conseguiam entrar, mas o fato é que elas entravam sozinhas e logo abriam o berreiro.. Judiação!!!! Lá vamos nós pegá-las no colo e tentar achar a mãe da criaturinha. Tarefa nada fácil diga-se de passagem, já que as mães estavam do lado de fora e não podiam entrar.

Quando a igreja começou a encher de novo é que os problemas realmente começaram. Quem foi que disse que crianças ficam sentadinhas no banco? Vem um vem outro e o tumulto está formado:

_ Tia eu não ganhei presente
_ Tia roubaram meu presente
_ Tia eu não ganhei carrinho
_ Tia eu perdi meu sapato
_ Tia to procurando minha irmã
_ Tia dá só água para a Bébé
_ Tia, Tia, Tia....

A tia aqui de braços e pernas abertas tentando impedir que elas passassem para a parte da frente onde as outras crianças ainda estavam entrando e ganhando seus presentes acabou o dia completamente em frangalhos...

Afê, criançada danada!



Deu um trabalhão, mas ninguém ficou sem brinquedo (as crianças que disseram não ter ganhado estavam faltando com a verdade já que só entrava uma por vez pela porta, era impossível entrar e não ganhar nada...).

Mais uma vez os amigos foram embora felizes pela tarefa cumprida e cheios de idéias para o ano que vem. A campanha do material escolar vem ai, afinal não é só de brinquedos que se fazem crianças felizes...

Cabe aqui um agradecimento especial a todos que contribuíram financeiramente para que pudéssemos alcançar a nossa meta e não deixar nenhuma criança da comunidade Golf II sem brinquedo.

OBRIGADA!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O Encontro Desse Olhar



Muita gente reclama que em Luanda não tem nada para se fazer, o que em partes é verdade, mas o que muita gente não sabe é que existe um circuito cultural no Instituto Camões, no Museu de Ciência Natural, na Galeria Celamar, no Teatro Elinga, no Cefojor e etc.

O problema é que o trabalho de assessoria de imprensa daqui é péssimo e a maioria das vezes nós só ficamos sabendo dos eventos depois que eles já acabaram. Ou então tem uma notinha falando que vai acontecer, mas não fala o endereço nem horário.

Como eu já estou aqui a 9 meses já conheço alguns dos lugares onde acontecem os eventos e vira e mexe dou um pulinho lá para conferir a programação do mês.

Essa semana o Instituto Camões apresenta uma seleção de filmes sobre a bossa nova, todos os dias as 18:30 com entrada franca. Amanhã para o encerramento vai haver um show ao vivo com o Mário Garnacho e Sonia Cunha, não dá para perder, né?!

O Museu da Ciência Natural está com a exposição Abismos até meados de janeiro se não me engano. A entrada é KZ 500,00. Essa exposição tem filmes e fotos incríveis das profundezas do oceano.

A galeria Celamar tem sempre exposições de fotografias e pintura abertas ao público. Essa semana eu não sei o que está rolando por lá. Mas independente da exposição só o espaço vale a visita é um misto de galeria com oficina de artes e praia...

O Teatro Elinga sempre tem uma programação diferente e abre de quinta a domingo. Também não sei qual é a boa dessa semana. Mas para os descolados vale a pena conferir o som que rola depois da meia noite nesse casarão que apesar de estar em completo abandono é cheio de charme e nostalgia. Todo final de mês tem show de reggae ao vivo por lá.

No CEFOJOR (Centro de Formação de Jornalistas), sempre tem lançamento de livros como o de Capoeira Brasileira que teve show de tambores e capoeira angolana de primeiríssima. Também é lá que acontece a feira de livro. Semana passada teve o lançamento de um DVD. Mas para saber a programação dos eventos só ficando de olho nos jornais mesmo...

Endereços:

Instituto Camões – Av de Portugal, 75 (ao lado da embaixada portuguesa)
Museu da Ciência Natural – Na rua atrás do Hotel Trópico na esquina de cima, (não sei o endereço)
Galeria Celemar – Na entrada da Ilha do Cabo coladinho com o restaurante chinês.
Teatro Elinga – Na baixa de Luanda na rua atrás do prédio do BPC vire a esquerda, é um casarão antigo e não tem placa na porta o jeito é perguntar mesmo...

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008



O Grupo Amigos por Angola é uma organização não governamental formada principalmente por expatriados que cansaram de ver tanta pobreza. Em vez de reclamar do governo, que tem tanto dinheiro e nada faz para mudar a realidade de milhares de crianças, o GAPA resolveu unir forças e fazer um pouquinho para trazer o mínimo de alegria para algumas crianças carentes. Afinal elas não têm culpa nenhuma da enorme desigualdade social desse país.



No último domingo os amigos se reuniram para entregar mais de 500 kits de brinquedos para crianças carentes da comunidade do Catete. Fomos bem cedo e na estrada, ainda bem longe da igreja pentecostal onde seria feita a entrega dos kits, já víamos as crianças caminhando na estrada. Vinham em grupos, com irmãos levando os irmãos mais novos nas costas, de mãos dadas, com o coração a mil e os olhinhos cheios de brilho.



É impossível descrever a emoção que se seguiu a nossa chegada. Mais de 500 crianças sentadinhas, organizadinhas, quietinhas nos olhando cheias de expectativa pelo seu pacotinho.



Antes da entrega o pastor fez uma oração de agradecimento e todas as crianças, de olhinhos fechados, mãozinhas unidas em posição de prece oraram em agradecimento. A energia daquele momento foi tão intensa que não teve um só dos Amigos que não tenha chorado, mesmo que as lágrimas não tenham escorrido pela face.



O momento mais difícil para os Amigos foi ver que no final os kits não foram suficientes, faltaram aproximadamente 50. Algumas crianças choravam por não ter o seu pacotinho, outras simplesmente nos olhavam com aquele olharzinho de desilusão que acaba com a gente. Elas não vão ficar sem presentes, mas vão ter de voltar à igreja em outro dia para pegar. A frustração delas só não é maior do que a nossa...



O ato foi simbólico, apenas alguns brinquedos para poucas crianças, não vai mudar o futuro de ninguém, não vai diminuir o sofrimento de ninguém... Mas, tem alguma coisa melhor nesse mundo do que o sorriso sincero no rosto de uma criança? A carinha de felicidade de crianças que nunca tiveram um brinquedo na vida?



A gente não pode mudar a realidade difícil dessas crianças, mas podemos sim trazer um pouquinho de alegria para elas.

No próximo final de semana o GAPA irá fazer mais duas entregas, serão mais 1.500 kits e para isso precisa de ajuda tanto financeira quanto física para a montagem dos kits e distribuição.



Quem quiser ajudar deixe um comentário com o e-mail para contato.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Lobito



Uma viagem de trabalho de última hora me tirou dos últimos dois dias de Festival, uma pena... Mas como o que não tem remédio, remediado está o jeito foi aproveitar a viagem de trabalho para conhecer outro lugar lindo desse país.

Lobito é realmente uma cidade acolhedora, com ruas amplas, arborizadas, limpas, sem trânsito e com o oceano atlântico de um lado e uma pequena baía do outro. As pessoas são muito simpáticas e acolhedoras, em nada lembra a confusão de Luanda.



Bom, por enquanto não lembra, pois em breve Lobito irá viver uma revolução. São inúmeros os investimentos na região. O porto está sendo reformado e pretende-se que seja o maior do país. Uma refinaria com investimentos superiores a 6 bilhões de dólares começará a ser construída em 2009.

O mercado imobiliário está passando por uma crise, não existem imóveis disponíveis e casinhas de 3 quartos estão sendo vendidas por 1 milhão de dólares. Os terrenos estão valendo ouro na restinga, região nobre de Lobito.



Mas enquanto o caos não chega, e espero que não chegue, a região é linda para um passeio de final de semana, são apenas 5 horas de carro ou 37 minutos de avião.

Ir para Lobito de avião é uma experiência a parte, se as pessoas acham o terminal internacional confuso, é porque não conhece o terminal doméstico,rs. Aqui a confusão começa para comprar a passagem que é emitida na hora a mão. Depois espera-se na sala de embarque um ônibus que quando chega faz com que todos que estão no terminal levantem para saber se é esse ou não o do seu vôo já que não há informações em telas eletrônicas ou sistema de som.

O vôo em sim é excelente, o avião e o serviço dentro do esperado para um vôo tão curto e a paisagem lá de cima realmente é espetacular. Mas ao chegar em Catumbela lembro de novo que estamos em Angola. Pra começar ao descer do avião não tem ônibus para nos levar e ficamos no meio da pista a espera. Depois ao chegar no terminal sou encaminhada direto para emigração enquanto os outros passageiros passam normalmente.



Me pergunto, mas como será que descobriram que eu era estrangeira? Sotaque? Eu nem abri a boca, pelo passaporte? Não ele não foi solicitado em nenhum momento...

Ah já sei, o meu bronzeado do projeto angolana 2009 ainda não está 100%. Para os fiscais do aeroporto só os branquinhos são estrangeiros os negros são todos angolanos...

Seria isso um sinal claro de preconceito ou estou vendo fantasmas onde não há? Enquanto estava aguardando na fila da emigração uma angolana morena clara foi interpelada para ir ao guiche de emigração e causou maior rebuliço, disse que não ia e queria saber por que ela tinha de ir já que ninguém mais tinha ido, exigiu a presença do gerente e só quando o superior chegou é que mostrou seu passaporte angolano...

É amiga, discriminação aqui não é só para estrangeiros, basta fugir do padrão...

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Fic - Programação 27/11



Deus não quis, mas e se ele quisesse como teria sido a história de tantas pessoas, mas será que foi Deus que não quis ou foi uma escolha pessoal?

Na primeira série de curtas que eu assisti fiquei impressionada com uma frase do Must Peter e anunciei que era meu preferido, mas ontem após assistir Deus não quis fiquei numa sinuca de bico. O que vale mais uma frase de efeito ou 10 minutos sem frases nenhuma carregado de emoção... Se uma fotografia vale mais que mil palavras um vídeo sem palavras vale por uma vida inteira.

Portato, the Oscar goes to: Deus não quis

Hoje tem três filmes que eu quero ver e os três são no mesmo horário :(
E agora José? Segue programação...

Auditório AAA
9:00 - 13:00 e 14:00 - 17:30 - Ciclo de conferências

Cine Place – sala 2
15:00, 17:00 e 19:00 – The Wooden Camera UK/Africa do Sul, 2003 – 92´

21:30 – Litle Red Flowers ficção China, 2006 – 92´

Cine Place – sala 5
15:00 e 18:00 - Tear of The Sun, ficção, EUA, 2003 – 120´

21:30, e 21:00 – Sahara, EUA, 2005 – 124´


Auditório Pepetela
15:00 - Bab Septa, documentário, Portugal, 2008 – 108´

17:00 - As duas faces da guerra - documentário, Portugal, 2007, 100´

19:00 A ilha dos escravos , ficção, POrtugal, 2008, 100´

Cine Atlântico
18:30 – Zimbabwe, ficção, África do Sul, 2008 – 90´

21:00 – Sahara, ficção, Espanha, 2005 – 124´

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Fic - Programação 26/11




Com certeza eu não sirvo para ser jurada de festival de cinema. Quando eu vejo um filme que me emociona eu já nem ligo para os outros e podem ser ótimos em vários sentidos, mas pra mim é a emoção que fala mais alto.

Foi o que aconteceu ontem com o documentário Escape From Luanda, simplesmente maravilhoso, fiquei emocionada do começo ao fim. O documentário conseguiu retratar a miséria, a guerra, a dor, as dificuldades do povo, mas principalmente a garra dos angolanos de uma forma brilhante, leve e cheia de poesia e música.

Para quem quiser saber mais ou adquirir o DVD clique aqui

Hoje serão exibidos os últimos três curta metragens da competição. Veja programação abaixo.

Cine Place – sala 2
15:00, 17:00 e 19:00 – The Wooden Camera UK/Africa do Sul, 2003 – 92´

21:30 – Litle Red Flowers ficção China, 2006 – 92´

Cine Place – sala 5
15:00 18:00, e 21:00 – Sahara, EUA, 2005 – 124´

Auditório Pepetela
15:00 - The Reinactors, documentário, EUA, 2008 – 95´

17:00 - O Acidente, ficção, Túnisia, 2008 – 72´

19:00 – Momentos de Glória,ficção, Angola, 2007 – 10´
Deus não quis, ficção, Portugal, 2007 - 10´
One Day, ficção, UK, 2007, 20´

Cine Atlântico
18:30 – 4 de Copas, ficção, Portugal, 2008 – 105´

21:00 – Seven Swords, ficção, China, 2005 – 150´

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Fic - Programação 25/11



Os dias de Festival internacional de cinema estão sendo agitados, como trabalho muito perto do Pepetela é lá que vou todos os dias... Ontem assisti a 7 curta metragens que estão concorrendo ao prêmio oficial.
e
Se eu fosse a jurada e se a competição tivesse só esses filmes eu já teria o meu ganhador... Falo ou não falo... tchan, tchan, tchan.

Mesmo faltando ainda mais 3 filmes o Must Peter da Estônia realmente me surpreendeu. No meio do filme tem uma frase que para mim foi a melhor dos últimos tempos, mas não adianta colocar aqui tem de ver o filme para entender, rs

Todos os filmes foram muito interessantes, mas além de Must Peter o Kunta de São Tomé e Príncipe também deu seu show a parte... Ah como é fácil julgar as pessoas...

Mas o festival ainda não acabou e até o dia 29/11 tem muita coisa a ser vista. Segue abaixo a programação dos filmes de hoje:

Auditório AAA
9:00, 13:00, 14:00 e 17:30 – Ciclo de Conferências – Estratégias no presente, desafios para o futuro

Cine Place – sala 2
15:00, 17:00 e 19:00 – The Wooden Camera UK/Africa do Sul, 2003 – 92´

21:30 – The Botanist Daughter ficção China, 2006 – 105´

Cine Place – sala 5
15:00 17:00, 19:00 e 21:30 – Se eu fosse você, Brasil, 2006 – 108´


Auditório Pepetela
15:00 - Maison Tropicale, Moçambique, 2007 – 60´

17:00 - Escape From Luanda, documentário, Escócia, 2007 – 72´

19:00 – O Ritmo do Ngola Ritmos, documentário, Angola, 1978 – 60´

Cine Atlântico
18:30 – Juju Factory, ficção, Congo, 2007 – 97´

21:00 – Meu Nome não é Johnny, ficção, Brasil, 2008 – 100´

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

FIC Luanda – Programação 24/11



O Festival Internacional de Cinema começou em grande estilo. Não só pela apresentação de Tropa de Elite um dos grandes vencedores de todos os Festivais em 2007, mas principalmente pela festa de abertura ter sido no Cine Atlântico.

O lugar é fantástico, eu nunca vi nada parecido e o mais bacana é ver que ao contrário do Cine Miramar o Cine Atlântico continua firme e forte resistindo ao avanço da modernidade que assola Luanda e coloca todos os belos edifícios da época colonial abaixo...

E o festival continua até dia 29/11. Segue abaixo a programação dos filmes de hoje:

Auditório AAA

9:00, 13:00, 14:00 e 17:30 – Ciclo de Conferências – Estratégias no presente, desafios para o futuro

Cine Place – sala 2
15:00, 17:00 e 19:00 – The Trail ficção França/Namíbia, 2006 – 90´

21:30 – The Botanist Daughter ficção China, 2006 – 105´

Cine Place – sala 5
15:00 e 18:00 – Springtime in a small Town ficção China, 2002 – 116´

21:30 – A história de Zezé di Camargo e Luciano ficção, Brasil, 2005 – 132´

Auditório Pepetela
15:00 - Cuba, uma Odisséia Africana documentário, França, 2007 – 120´

17:30 - Must Peter ficção, Estônia, 2007 – 20´
La Revale, ficção, Itália, 2007 – 19´
Corrente, ficção, Portugal, 2007 – 16´

19:00 – Kunta, ficção, São Tomé e Príncipe, 2007 – 19´
Kiari, ficção, Angola/EUA, 2007 – 15´
Amanhã será diferente, ficção, Angola/França, 2008 – 11´
Germano, ficção, Brasil, 2007 – 15´

Cine Atlântico
18:30 – Deux Jour à Tuer, ficção, França, 2008 – 90´

21:00 – Tears of the Sun, ficção, França, 2003 – 124´

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

1° Festival Internacional de Cinema de Luanda



De 22 a 29 de novembro será realizado o 1° Festival Internacional de Cinema de Luanda, concorrerão no festival, filmes e documentários produzidos entre 2007 e 2008. Além de obras premiadas internacionalmente.

Entre os filmes brasileiros o destaque é dado para o Tropa de Elite que abre o Festival sábado dia 22/11 no Cine Atlântico e para o premiadíssimo documentário À Margem da Imagem a ser exibido 23/11 as 16 horas no Instituto Camões (Av. de Portugal 75 ao lado da Embaixada Portuguesa).

Sinopse
À Margem da Imagem é um curta-metragem em 35 mm, com cerca de 30 minutos de duração, que vai focalizar as rotinas de sobrevivência, o estilo de vida e a cultura dos moradores de rua do município de São Paulo. A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) acaba de concluir pesquisa sobre o assunto e revela a existência de cerca de 9 mil pessoas vivendo pelas ruas de São Paulo. Trata-se de um problema dramático que vem se agravando a cada dia.

O documentário vai mostrar o cotidiano dessas comunidades que vivem em várias áreas da cidade, principalmente na região central. Nesta área, os moradores de rua têm acesso a produtos e materiais descartados pelos escritórios, bancos e estabelecimentos comerciais. Com esses restos, a população de rua vem criando uma "arquitetura" e uma cultura própria que, ao mesmo tempo, expressam sua identidade e uma forma de resistência a partir de métodos alternativos e espontâneos de viver numa grande cidade.

À Margem da Imagem vai focalizar temas como exclusão social, desemprego, alcoolismo, loucura, religiosidade, espaços públicos contemporâneos, degradação urbana, identidade, alteridade, cidadania e, como sugere o próprio título, o roubo da imagem dessas comunidades, promovendo assim uma discussão ética dos processos de estetização da miséria.


Prêmios "A Margem da Imagem" — Versão Curta-Metragem
XII CINE CEARÁ / 2002
Melhor montagem (Marcelo Moraes)
XIII FESTIVAL INTERNACIONAL
DE CURTAS-METRAGENS DE SÃO PAULO
Prêmio do Público
Prêmio Aquisição Canal Brasil
Prêmio Aquisição espaço Unibanco
Margarida de Prata / 2002
Prêmio de Melhor Curta dado pela CNBB
29° JORNADA DA BAHIA
Prêmio Glauber Rocha (Tatu de Ouro)
Melhor Curta
FESTIVAL DE GOIÂNIA / 2002
Melhor Curta da Mostra Brasil
EVALDO MOCARZEL
49° Festival de OBEHAUSEN / 2003
Menção Honrosa do Júri Internacional
Menção Honrosa do Júri Ecumênico
5° FESTIVAL DO CINEMA BRASILEIRO DE PARIS
Prêmio de Melhor Curta-Metragem
FESTIVAL DE CAMBORIÚ
Melhor Curta-Metragem
Melhor Filme (Curta)
Melhor Roteiro
Melhor Montagem
Website por À Capela

Vamos prestigiar o cinema Brasileiro e o Festival Angolano

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Parque Nacional da Kissama



O Kissama é um parque bem próximo a Luanda com cerca de 9.900 km², apesar de enorme ele conta com poucas espécies animais. Mas entre elas estão os elefantes, lindos e imponentes vivendo livremente e sem pressa.



Hoje a população e elefantes chega a 103, mas a pouco tempo atrás era quase impossível encontrá-los no parque. Além de elefantes encontramos nuances, golungos e guinus.



Contam que durante a guerra a população que fugiu das províncias buscando abrigo em Luanda começou a caçar os animais e entre eles os elefantes para vender o marfim. Uma judiação com os bichinhos, mas como repreender refugiados de guerra?



Mas a realidade do parque hoje é outra, os animais estão de volta e aumentando dia após dia. O parque conta com uma infra-estrutura razoável para receber os turistas com chalés, restaurantes e passeios guiados. Além de uma área de camping.



Quem quiser conhecer o parque pode entrar em contato com Elsa pelo telemóvel: 925 314 949 ou visitar o site da Fundação Kissama

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Obama?




Angola está sorrindo, bom pelo menos a minoria que entende, ou acha que entende o que está acontecendo no mundo.

Os poucos angolanos com acesso a informação comemoram a vitória de Barack Obama, brindam o primeiro negro da história a ser presidente dos EUA.

Sem dúvida a conquista é enorme um verdadeiro marco na história mundial, mas cá com os meus botões não vejo bem o que muda para nós pobres mortais.

Não vejo como a cor da pele pode alterar o rumo da história do dia pra noite, por acaso o racismo vai acabar? A fome e a miséria do mundo vão desaparecer como um passe de mágica? Os conflitos intermináveis no oriente médio terão fim?

A essência do capitalismo não muda e não vai mudar com a eleição de Obama. Ele é apenas mais um americano no poder, com os mesmos ideais de todos os americanos. É mais um capitalista que veio de família rica e teve acesso as melhores escolas. Mas acima de tudo ele é apenas um ser humano, não é um mágico, messias ou super homem com super poderes capaz de resolver todos os problemas do mundo do dia para a noite.

Hoje ouvi uma conversa entre três angolanas que mostra bem o quanto essa euforia, em minha opinião, é ilusória:

Diretora angolana: Estou feliz!
Copeira angolana: Ai é? Por que?
Diretora angolana: Porque Obama ganhou!
Copeira angolana: Ai é? Mas o que ele fez?
Secretária angolana: Ihhh nem perde tempo explicando...
Diretora angolana: É O PRIMEIRO AFRO DESCENDENTE A SER PRESIDENTE DOS EUA!
Copeira angolana: Ai é? Hummm tá!


Não estou fazendo propaganda contra, muito pelo contrário fiquei muito feliz com a vitória de Obama, mas não porque ele é negro, branco, amarelo ou rosa choque, mas sim porque sua plataforma de governo inclui entre outras coisas uma grande preocupação com o meio ambiente, apóia o uso de energias renováveis que diminuam a poluição.

Depois de muito tempo quem sabe não veremos finalmente os EUA assinando o protocolo de Kyoto ou outro equivalente que venha a substituí-lo.

Eu vou comemorar de verdade daqui a 4 ou 5 anos quando as promessas de campanha tornarem-se realidade.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Praia de Santiago



Praia de Santiago no município de Cacuaco é conhecida não pelas suas águas calmas ou areias desertas, mas sim pelo grande cemitério de navios em que se transformou.

Eu não sei por que tantos navios vieram parar naquele lugar, talvez nosso amigo Fernando Baião possa esclarecer esse mistério, ou quem sabe a querida Massaroca que conhece bem essas paragens e sempre tem doces comentários a fazer.

Mas mistérios a parte, o lugar impressiona. São dezenas de navios enormes enferrujando na costa, uma paisagem que no mínimo é surreal em pleno século XXI.

Claro que para nós turistas, o lugar ganha um charme todo especial, mas o impacto ambiental que todo esse ferro deve causar no ecossistema marítimo não deve ser pouco, isso sem falar na perda econômica já que todo aquele ferro velho deve valer uma bela nota, isso é claro antes de se tornar uma ferrugem só...

Pesquisando na internet encontrei uma explicação para o cemitério de návios, no blog do Nuno Gomes existe a seguinte informação:

"Ao longe existem vários navios encalhados, uns dizem que durante a guerra velhos navios eram carregados com armas e depois encalhados aqui para descarregar. Outros dizem que quando os navios estavam em fim de vida eram trazidos para aqui para abater. Qual será a verdade? Talvez as duas sejam verdade, quem sabe. Felizmente ao que parece já proibiram de abater navios aqui. Pode ser que um dia estes sejam desmantelados e a paisagem volte a ser o que era."

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Cabo Ledo – um paraíso ameaçado!



Que Angola é um país de muitos contrastes, isso todo mundo já ouviu falar.

Se de um lado existe a riqueza do petróleo e dos diamantes do outro existe a miséria e a fome da grande maioria da população...

Enquanto uma minoria chega ao país com pós graduação no exterior, a maioria da população é composta por analfabetos...

De um lado as belezas naturais e do outro o crescimento desordenado e a exploração desenfreada...

Agora, que existem leis ambientais para proteger e preservar as riquezas naturais dessa terra abençoada, quem é que sabe? Tenho acompanhado de perto a destruição de um paraíso natural em nome da “reconstrução” do país.

Cabo Ledo é uma praia da província do Bengo que fica a aproximadamente 1:30 h de Luanda. Linda, com águas claras, vila de pescadores, montanhas. Ops! TINHA montanhas, porque as montanhas foram transformadas em pedreiras e cada semana resta menos montanha para contar história.

O lugar paradisíaco e com enorme potencial turístico, freqüentado por surfistas loucos para aproveitar as esquerdas perfeitas, está acabando!

A lei ambiental não protege o local, não sei como funciona a concessão da exploração daquelas terras, mas uma coisa eu tenho certeza não é em nome da reconstrução do país que ela está sendo explorada. Afinal de contas, o que mais se constrói por essas bandas são condomínios luxuosos, o povo mesmo continua sofrendo nas musseques, sem água, sem luz, sem saneamento básico, sem coleta de lixo e com as suas “ruas” esburacadas!

Os ambientalistas locais até que se esforçam, em dez anos foram aprovados vários documentos legislativos incluindo políticas gerais e em alguns casos setoriais, dentre os quais a Lei de Bases do Ambiente, de Terras, legislação sobre avaliação de impacto ambiental, sobre as associações de defesa do ambiente, assim como documentos de política e estratégia para a proteção da biodiversidade e combate às alterações climáticas.

No entanto, conforme destacou, o ambientalista Vladimir Russo em entrevista para a Angop, “existem deficiências quanto à sua implementação prática e cumprimento da mesma tanto pelos cidadãos como pelos setores públicos e privados. Apontou como casos mais notáveis de incumprimento da legislação ambiental, o fato de haver uma deficiente implementação do decreto sobre a avaliação de impacto ambiental, com aspectos relacionados com a proteção das áreas protegidas, exploração insustentável de recursos naturais, entre outros.”

Angola é um país onde falta muita coisa, mas leis não faltam, elas já foram feitas! O que falta nesse caso, é que o governo e a sociedade cobrem que elas sejam cumpridas! Falta é que a iniciativa privada pense menos no lucro e respeite mais as leis ambientais.

O artigo 24º da Lei Constitucional garante aos cidadãos o direito de viver num ambiente sadio e não poluído. No meu entender, isso inclui preservar as áreas costeiras como a praia dos surfistas em Cabo Ledo.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Eleições




Todo mundo falou, especulou, se apavorou, resmungou e teve seu momento “Mãe Dinhah” prevendo o resultado das eleições legislativas em Angola. Até agora eu não havia me manifestado afinal de contas já tinha tanta gente falando sobre o assunto, que não conseguia achar nada para falar do que aquilo que todo mundo já disse.

As primeiras eleições legislativas após a guerra de 1992 ocorreu pacificamente ao contrário dos boatos que circulavam entre rodinhas de expatriados e principalmente na internet. Sempre tinha alguém contando que uma fonte segura ligada a UNITA tinha revelado em segredo que haveria uma nova guerra.

Esses boatos levaram muitos expatriados a marcarem suas férias (inclusive eu), para o começo de setembro e poder assim acompanhar de longe o que acontecia em terras angolanas. Os corajosos que ficaram aqui foram aconselhados a não sair da segurança dos seus condomínios até o final das eleições.

Pelo que eu soube, já que não estava presente, o maior problema das eleições não ocorreu nas urnas e sim nos supermercados que ficaram totalmente desabastecidos e com os preços lá nas alturas. Isso devido à grande boataria de que haveria tumulto nas ruas, levando grande parte dos expatriados e a minoria dos angolanos com posses a reforçar suas dispensas.

Até eu que não estaria aqui dei uma reforçada na dispensa lá de casa, já que minha parceira chegaria no domingo logo após as eleições e não poderia deixá-la morrer de sede, né?! Tive de ir em 3 supermercados para garantir nosso suprimento de coca-light e legumes congelados, mas enfim aqui isso não chega a ser grande novidade...

O MPLA, partido que está no poder há mais de 30 anos, ganhou com mais de 80% dos votos o que não foi nenhuma surpresa para ninguém. A classe intelectual de Angola chora o resultado e reclama do povo que “não aprendeu a votar”, mas a verdade é que o governo fez sua parte e botou a mão na massa para garantir esses votos.

Os partidos de oposição felicitaram o partido ganhador e só para não deixar em branco tentaram cancelar o resultado alegando que as eleições não poderiam ser feita em 2 dias como foi e sim apenas em 1.

Um amigo angolano que cresceu em Portugal e agora voltou para a terra natal, não perdeu tempo e as 7 da manhã foi ao posto de votação exercer seu direito de cidadania. Saiu de lá às 10 da manhã sem conseguir votar porque o material eleitoral ainda não havia chegado.

Com tantos problemas logísticos não havia como fazer a eleição só em 1 dia. Mas a pergunta que não quer calar é: Com a data da eleição sendo anunciada com tanta antecedência, os partidos tendo sido definidos qual a grande dificuldade em enviar o material eleitoral para os postos de votação? Parece que essa é mais uma das perguntas que nunca serão respondidas em Angola.

Os observadores internacionais atestaram a legalidade do resultado, felicitaram Angola pela demonstração de democracia e agora o que todo mundo quer saber é quem serão os candidatos a presidente em 2009...

Alguém arrisca um palpite? Será que teremos em Angola uma candidata como se suspeita ocorrer no Brasil? Acho que Angola ainda vai ter de esperar muitas eleições para vermos isso acontecer... Mas não resta dúvidas que existem muitas guerreiras nesse país com capacidade mais do que suficiente de colocar a mão na massa e mudar a história desse povo.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Férias





Como todo expatriado que trabalha em Angola eu também tiro férias. E por isso andei sumida aproveitando meus 20 dias de férias que tiro a cada 6 meses. Confesso que a possibilidade de ter duas férias por ano foi muito atraente na hora de aceitar vir trabalhar tão longe.

A maioria dos expatriados que estão aqui ficam contando os dias para voltar para o Brasil, matar a saudades dos amigos, da família e daquelas coisinhas que só tem por lá.

Mas eu decidi aproveitar minhas férias para conhecer novas culturas o que além de muito enriquecedor culturamente é muito mais barato se você viaja de Angola em vez do Brasil, afinal de contas Angola está no meio do caminho, mais uma vantagem em se morar em terras Africanas...

Viajar é ótimo e eu adoro, mas o mais gostoso depois de uma viagem longa é poder voltar para casa, mostrar as fotos, distribuir os presentinhos e dormir gostosinho na sua caminha.

Mas e quando você volta para a sua casa, mas uma casa que não é sua de verdade como é o meu caso? Bom, ai vc segura o choro e o aperto no coração, porque não tem jeito a saudade de casa aumenta e aumenta muito.

PS: Li todos os comentários postados e fiquei muito, mas muito contente e agradecida pelos elogios e críticas que são sempre construtivas!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Minas para todos os lados...



Angola é um país muito, mas muito rico mesmo. O governo se vangloria ao alardear aos quatro cantos do mundo sobre suas minas de diamantes, seus poços de petróleo e as inúmeras riquezas minerais ainda inexploradas.

Mas a maior riqueza de Angola é a diversidade natural com uma fauna e flora espetacular. Pena que os angolanos e principalmente seus dirigentes ainda não tenham percebido o valor que a natureza desse país tem.

Natureza e riquezas minerais a parte, o que não falta em Angola são minas terrestres! Uma triste marca que o país não faz a menor questão de mostrar.

Em 40 anos de guerra foram espalhadas pelo país mais de 10.000.000 (dez milhões), de minas. O que faz de Angola o país com mais minas instaladas no mundo. Enquanto isso ele se mantém na posição de número 162 do ranking do PNUD de desenvolvimento humano.

Ninguém sabe precisar qual o número de vítimas feitas até hoje, mas estima-se entre 80 e 90 mil. Apesar dos esforços da comissão nacional de desminagem em encontrar e desativar essas minas, ainda existe um longo caminho a ser seguido.

Segundo dados fornecidos pelos Sr. João Baptista kussumua, coordenador da comissão, até hoje foram destruídas aproximadamente 2.500.000 de artefatos, sendo:

* 120.308 minas anti-pessoas
* 13.983 minas anti-tanque
* 2.000.000 de engenhos explosivos
* 2 mil toneladas de material letal

Talvez esses números expliquem porque ainda existem tantas terras improdutivas. Afinal de contas ninguém quer se arriscar a ser mais uma vítima da guerra tanto tempo depois dela ter acabado.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Porto Amboim



O trajeto Luanda – Sumbi é repleto de praias paradisíacas como cabo ledo, velha conhecida dos leitores do blog, Cabo de São Brás e depois de muito chão e terras e mais terras improdutivas aparece lá longe no horizonte Porto Amboim...



Que visão linda, águas calmas, areia branquinha, navios naufragados e uma pequena vila de pescadores. Perfeito, para quem como eu ama a natureza. O lugar é um verdadeiro oásis.



Mais uma vez me impressiono com o potencial turístico de Angola. Pessoalmente gosto de lugares selvagens, mas como Angola precisa e tem tudo para se desenvolver, o lugar é perfeito para a implantação de um daqueles resorts “all included” no melhor estilo “Club Med” da vida.

Sumbe: Paraíso ou inferno?



Um paraíso natural escondido entre as mazelas africanas, assim é o Sumbe, cidade litorânea da Província de Kwanza Sul. As águas azuis do mar aliadas ao calçadão bem cuidado por si só já seriam suficiente para fazer do Sumbi um “Guaruja” angolano. Mas além disso no sumbe ainda existem inúmeras atrações naturais inexploradas.



O potencial turístico da região é enorme, existem rios com corredeiras para os apaixonados por rafting, canyons, cachoeiras, fontes de águas quentes e muitos vales verdes para a prática de trekking ou simplesmente para sentar e ficar apreciando o por-do-sol.



Os ventos que sopram na praia também são fonte de inspiração para os amantes da vela, asa delta e kite surfing.



Qualquer operadora de ecoturismo ficaria encantada com o lugar. Mas o que acontece no Sumbi é o oposto. O lugar está abandonado, os morros cheios de casebres e as famílias amontoando-se nas estradas a espera que alguém pare para comprar bananas, milho, tomate, peixe e etc.



Eu não sei exatamente como aquelas famílias sobrevivem uma vez que não existem indústrias, plantações, comércio e muito menos turismo na região.



O mais chocante pra mim e ver a quantidade de terra improdutiva ao longo de todo o trajeto. São kilometros e kilometros de terras abandonadas. Provavelmente seus donos estão à espera que a especulação imobiliária avance para o interior e eles possam lucrar com a venda.



Enquanto esse dia não chega à grande massa da população permanece sem água, sem luz, sem educação, sem saúde e sem emprego. As estradas imensas cheias de crianças que perdem a infância na beira da estrada a espera que alguma alma benevolente pare para comprar seus produtos. Mas a verdade seja dita, apesar de todo o sofrimento, elas ainda mantém aquele enorme sorriso angolano!

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Um dia de reticências...



Ando calada, mas continuo por aqui observando e pensando, pensando e observando. Desde que comecei a escrever o blog tudo é motivo para um novo post, mas na hora de escrever fica a dúvida.

Será que isso realmente é interessante? Será que falar sobre esse ou aquele tema não pode gerar algum tipo de represália?

E assim, os dias vão passando e o blog continua desatualizado... Não tenho muita certeza sobre o que falar...

Eleições? O assunto da moda? Vale à pena? Vale à pena fazer propaganda do partido que está no poder, planejando um mega comício para o próximo sábado e espera reunir mais de 3 milhões de pessoas? Pra que? Enquanto eles gastam milhões de dólares e colocam o exército na rua para garantir as rotas de fuga dos poderosos, a maioria esmagadora da população continua sem segurança, sem água, sem luz, sem assistência médica, sem saneamento básico, sem escola, sem comida...

Ou quem sabe falar do principal partido de oposição, de quem sempre se escuta que por baixo dos panos haverá uma nova guerra?

Não, pra que? Definitivamente não vale a pena colocar mais lenha nessa fogueira!

Quem sabe eu deva fazer uma nova contagem dos prédios que estão sendo demolidos, dos prédios que estão sendo construídos? Mas de novo? Todo mundo sabe que obras faraônicas estão sendo construídas dia após dia e que por trás de cada obra tem muito, mas muito dinheiro sendo desviado...

Que coisa chata, a poeira já está mesmo por toda a cidade, melhor deixar esse assunto embaixo dela também...

Talvez eu fale do último ataque sofrido por uma expatriada, (mais uma vez, mulher, branca e sozinha), dessa vez sem sucesso, graças a Deus, mas enfim... Mais um? Já falei disso não foi. Nada mudou! Talvez seja melhor não falar de novo para não criar pânico...

Ahhh, já sei! Sempre tem as crianças para falar... Como são lindas! Felizes e se divertem com tão pouco...



É isso, vou falar das crianças...

Seus olhos e sorrisos são sempre tão cheios de esperanças...

Mas quem está olhando por elas?

Acho que hoje é melhor não falar de nada e continuar aqui apenas observando e pensando, pensando e observando...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Com outros olhos



Quando a gente pára e olha para Luanda com olhos de quem está de fora dessa loucura, começa a achar os encantos escondidos atrás do caos que essa cidade se tornou. Hoje decidi que não iria entrar na paranóia, sai de casa tarde, peguei um belo trânsito para chegar no trabalho, mas ao contrário de todos os dias eu fui o trajeto todo observando a cidade, como se eu não fosse mais uma coadjuvante na história e sim uma expectadora.



Vi crianças sem brinquedo, animadas que transformam pneus velhos em velozes cavalos que voam pela sua imaginação mesmo no meio da correria discreta da avenida. Vi mulheres de tribos vindas de províncias longíncuas com as suas argolas nas pernas e braços dando um brilho todo especial ao trabalho do dia a dia. Vi senhoras enroladas em seus panos para se proteger do frio. Vi ruas cheias de gente que vão e vem e muitas que ficam paradas a espera que o tempo passe. Vi o descaso, mas vi a alegria também de homens dançando kuduru logo pela manhã.



Percebi que não adianta xingar e praguejar o motorista ao lado, isso de nada adianta. O trânsito não passa mais rápido e a única que perde sou eu com o estresse. Hoje eu percebi que não adianta recriminar e não fazer nada para mudar. Se eu não posso mudar eu vou pelo menos procurar as belezas escondidas da cidade.