terça-feira, 21 de outubro de 2008

Praia de Santiago



Praia de Santiago no município de Cacuaco é conhecida não pelas suas águas calmas ou areias desertas, mas sim pelo grande cemitério de navios em que se transformou.

Eu não sei por que tantos navios vieram parar naquele lugar, talvez nosso amigo Fernando Baião possa esclarecer esse mistério, ou quem sabe a querida Massaroca que conhece bem essas paragens e sempre tem doces comentários a fazer.

Mas mistérios a parte, o lugar impressiona. São dezenas de navios enormes enferrujando na costa, uma paisagem que no mínimo é surreal em pleno século XXI.

Claro que para nós turistas, o lugar ganha um charme todo especial, mas o impacto ambiental que todo esse ferro deve causar no ecossistema marítimo não deve ser pouco, isso sem falar na perda econômica já que todo aquele ferro velho deve valer uma bela nota, isso é claro antes de se tornar uma ferrugem só...

Pesquisando na internet encontrei uma explicação para o cemitério de návios, no blog do Nuno Gomes existe a seguinte informação:

"Ao longe existem vários navios encalhados, uns dizem que durante a guerra velhos navios eram carregados com armas e depois encalhados aqui para descarregar. Outros dizem que quando os navios estavam em fim de vida eram trazidos para aqui para abater. Qual será a verdade? Talvez as duas sejam verdade, quem sabe. Felizmente ao que parece já proibiram de abater navios aqui. Pode ser que um dia estes sejam desmantelados e a paisagem volte a ser o que era."

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Cabo Ledo – um paraíso ameaçado!



Que Angola é um país de muitos contrastes, isso todo mundo já ouviu falar.

Se de um lado existe a riqueza do petróleo e dos diamantes do outro existe a miséria e a fome da grande maioria da população...

Enquanto uma minoria chega ao país com pós graduação no exterior, a maioria da população é composta por analfabetos...

De um lado as belezas naturais e do outro o crescimento desordenado e a exploração desenfreada...

Agora, que existem leis ambientais para proteger e preservar as riquezas naturais dessa terra abençoada, quem é que sabe? Tenho acompanhado de perto a destruição de um paraíso natural em nome da “reconstrução” do país.

Cabo Ledo é uma praia da província do Bengo que fica a aproximadamente 1:30 h de Luanda. Linda, com águas claras, vila de pescadores, montanhas. Ops! TINHA montanhas, porque as montanhas foram transformadas em pedreiras e cada semana resta menos montanha para contar história.

O lugar paradisíaco e com enorme potencial turístico, freqüentado por surfistas loucos para aproveitar as esquerdas perfeitas, está acabando!

A lei ambiental não protege o local, não sei como funciona a concessão da exploração daquelas terras, mas uma coisa eu tenho certeza não é em nome da reconstrução do país que ela está sendo explorada. Afinal de contas, o que mais se constrói por essas bandas são condomínios luxuosos, o povo mesmo continua sofrendo nas musseques, sem água, sem luz, sem saneamento básico, sem coleta de lixo e com as suas “ruas” esburacadas!

Os ambientalistas locais até que se esforçam, em dez anos foram aprovados vários documentos legislativos incluindo políticas gerais e em alguns casos setoriais, dentre os quais a Lei de Bases do Ambiente, de Terras, legislação sobre avaliação de impacto ambiental, sobre as associações de defesa do ambiente, assim como documentos de política e estratégia para a proteção da biodiversidade e combate às alterações climáticas.

No entanto, conforme destacou, o ambientalista Vladimir Russo em entrevista para a Angop, “existem deficiências quanto à sua implementação prática e cumprimento da mesma tanto pelos cidadãos como pelos setores públicos e privados. Apontou como casos mais notáveis de incumprimento da legislação ambiental, o fato de haver uma deficiente implementação do decreto sobre a avaliação de impacto ambiental, com aspectos relacionados com a proteção das áreas protegidas, exploração insustentável de recursos naturais, entre outros.”

Angola é um país onde falta muita coisa, mas leis não faltam, elas já foram feitas! O que falta nesse caso, é que o governo e a sociedade cobrem que elas sejam cumpridas! Falta é que a iniciativa privada pense menos no lucro e respeite mais as leis ambientais.

O artigo 24º da Lei Constitucional garante aos cidadãos o direito de viver num ambiente sadio e não poluído. No meu entender, isso inclui preservar as áreas costeiras como a praia dos surfistas em Cabo Ledo.