segunda-feira, 19 de março de 2012


Hoje eu vou fazer uma homenagem aos fãs do blog. Eu comecei a escrever o blog para facilitar a minha vida, já que todos os meus amigos me perguntavam como era aqui e eu tinha de contar sempre a mesma história.

Mas logo começaram a aparecer pessoas no blog que eu não conhecia, assim como eu comecei a conhecer outros brasileiros que escreviam blogs sobre Angola e não demorou muito para que X, M.Jo, F, Kianda, Migas e outros mais reconhecessem as semelhanças de pontos de vistas. Foi uma época muito gostosa de encontros e troca de experiências na blogesfera.

Os amigos começaram a indicar o blog pra um e pra outro e o google deu uma forcinha para que o Menina de Angola tenha hoje mais de 3.500 page viwes por mês.

Eu sempre soube que meus amigos e conhecidos liam o blog e indicavam para outras pessoas que queriam saber mais sobre Angola, também sempre soube que vários anônimos estavam de olho nas últimas atualizações.

Mas o dia que eu conheci a Leandra, minha fã número 2 (número 1 é o co-autor, rs), me senti realmente uma pessoa famosa e tive meus 15 minutos de fama, rs….

A Leandra me conheceu numa festa e quando soube que eu era a menina de angola ficou tão empolgada que não parava de falar um minuto, ela ria, me abraçava e contava todos os posts que ela tinha lido, falava de coisas que nem eu mesmo lembrava mais que tinha escrito. Foi realmente muito engraçado. Foi a primeira pessoa que eu conheci que me conhecia pelo blog.

Depois da Leandra fiquei surpresa também com o Luis Fernando e o Robson que muito mais comedidos que a Leandra, também vieram conversar comigo quando souberam que eu era a Menina de Angola.

É muito bom saber que o blog foi realmente útil e ajudou a quem queria conhecer um pouquinho mais de Angola e da vida de expatriado por aqui.

Agora todo mundo quer saber o que vai acontecer com o Blog. Bom ele vai continuar no ar e aceito contribuições dos meus correspondentes especiais em Luanda.

Quando quiserem mandar fotos e informações úteis fiquem a vontade que eu publico.

Contagem Regressiva



Desde que eu vim morar em Angola eu aprendi a conviver de perto com o sentimento da ausência. É um sentimento muito estranho, porque é diferente da saudade.
Quando a gente sente saudades, via de regra a gente sabe que mais cedo ou mais tarde você vai encontrar com a família, com os amigos e até mesmo com os lugares e coisas que são especiais.

Já a ausência é diferente, é um sentimento simplesmente de fim, não é sofrido como a morte de uma pessoa que você gosta ou o fim de uma relação que você não queria que acabasse. A Ausência é o vácuo um espaço vazio, uma lembrança distante, não dói, mas você sabe que tem alguma coisa de errado ali.

Mesmo com toda a tecnologia do mundo, redes sociais, telefone, correio e etc. tem pessoas que você simplesmente sabe que não vai ver mais.

Já vi muitas pessoas indo embora de Angola e muitas vezes me perguntei como seria essa sensação de ir embora sabendo que tantas pessoas queridas vão passar para a categoria da ausência.

Já me peguei muitas vezes imaginando como seria escrever esse post de despedida no blog.



Mas a verdade é que não tem como prever nem muito menos como descrever. Desde a semana passada estou nos preparativos para ir embora, me desfazendo dos meus pertences, arrumando as malas, e lógico me despedindo dos lugares e das pessoas.

Esse final de semana fiz uma festa de despedida e foi muito bom encontrar tantas pessoas queridas juntas. Fiquei muito feliz com todos os abraços e votos de sucesso, felicidades e tudo o mais.

Pensei que eu fosse me emocionar e chorar, mas a sensação foi tão boa, foi tão feliz, a energia era tão contagiante que eu só conseguia era mesmo sorrir.



Foi muito bom viver aqui e está sendo muito bom voltar pra casa e começar TUDO NOVO: nova casa, nova vida e pra quem ainda não sabe com casamento marcado.

A partir de maio a menina de angola passa a ser a Sra. Co-autor.

quinta-feira, 8 de março de 2012


O calçadão da Ilha de Luanda é o novo point da moçada que gosta de se exercitar. Com suas pedras portuguesas milimetricamente colocadas lembra muito Copacabana, mas não se enganem a verdadeira inspiração vem de Lisboa terra dos mestres calceteiros.

O calçadão é certamente o local mais democrático e multiétnico de Angola. Aqui aparece gente de todas as idades, de todos os lugares e classes sociais.

Cada um na sua, uns correndo e outros andando. Tem também a turminha que vem só pra ficar olhando o povo. Aqui tem quadra de voley, futebol e basquete (?), bom não sei como faz para jogar basquete na areia, mas quadra tem.


Tem também a galera da aeróbica e do judô que todos os dias estão lá firmes e fortes junto com a galerinha da musculação. Tem patins, tem bicicleta e carrinho de bebê também.


Todo mundo em busca de um pouco de tranquilidade e de um corpo sarado, com a vantagem de sentir aquela brisa de mar gostosa batendo no rosto.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Chute a Pólio


Fotos: Everton Fileti e Juliana Hadad

No último final de semana a OMS realizou em Angola a campanha de vacinação contra a pólio. E eu tive o privilégio de poder participar no sábado. Foi uma das experiências mais gratificantes que já tive em Angola. Primeiro por poder ajudar a uma causa nobre e segundo por desmistificar os becos e vielas das musseques.

Saímos em trios pelas musseques do Maianga, batendo nas portas, subindo nos prédios e chamando as Mamás para vacinarem as crianças de 0 a 5 anos de idade. Foram mais de 4 horas de caminhada encontrando pessoas alegres e solidárias pelo caminho.



Até São Pedro veio ajudar e deixou o sol forte guardadinho atrás das nuvens. O que facilitou muito o nosso trabalho, já que o calor em África não é brinquedo não.
As situações que mais me chamaram a atenção durante todo o trajeto foram:

1- As vielas limpas e organizadas que encontramos em meio ao caos que qualquer musseque tem, em alguns lugares os cidadãos se organizaram e mesmo sem apoio do governo cimentaram suas vielas, limparam, colocaram plantas e fizeram caminhos para que a água possa escoar. Mostrando mais uma vez que com educação não há problema sem solução.

2- A quantidade de bebês que nascem em casa, nós encontramos pelo caminho vários bebezinhos de 5, 10 ou 15 dias. Nesses casos as mamães ficavam na porta de casa esperando que a gente passasse para chamar-nos para vacinar os bebes que tranquilamente dormiam. Essas mulheres tiveram os filhos na própria casa com a ajuda de parteiras sem nenhum suporte do governo também. Nos vacinamos e alertamos da importância delas irem ao posto de saúde.

3- Por várias vezes senhores nos pararam nas ruas para agradecer e dizer que era bonito de ver o trabalho do governo (?).



O sorriso das mamães com as crianças nas costas quando diziam “Já apanhou vacina” não tem como descrever. Ao contrário do que pensamos não tivemos nenhuma recusa ou receio das mães, muito pelo contrário.

Só em dois casos não pudemos vacinar as crianças. Primeiro numa casa de Malianos que nem se quer quiseram conversar e depois na casa de um casal Indiano que a mulher estava sozinha, mas prometeu que levaria a criança ao hospital depois.

O saldo, quase 100 crianças vacinadas em 4 horas, muitos e muitos kms percorridos e uma batata da perna dolorida que não me deixa esquecer do sábado que eu conheci a verdadeira Luanda.



Para quem quiser ajudar, a segunda fase da vacinação será dias 31 de março e 1 e 2 de abril.