sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Então é natal...



Ou no melhor estilo angolano o dia da família, pois durante muito tempo angola seguiu as influencias cubanas que não comemoram o natal, mas claro não podiam perder a quadra festiva e o natal virou o dia da família...

Natal em Angola para grande parte dos expatriados tem outro significado a melhor frase de cinema que vem na minha cabecinha nessas horas é:” ET for home”, e com o dedinho levantado e tudo.. rs

Natal significa voltar pra MINHA casa, pra MINHA família e para os MEUS amigos.
Eu já estou de malas prontas, portanto menina de angola, volta a ser menina brasileira pelos próximos 20 dias.

Espero que todos tenham uma ótima quadra festiva e um ano novo pra lá de especial...

Em 2009, estamos juntos!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

GAPA a missão



A semana passada o GAPA fez a primeira entrega de presentes de natal e a emoção foi imensa e indescritível. Esse final de semana repetimos a dose, para se ter uma idéia do que aconteceu esse final de semana multiplique por 3 tudo que foi dito semana passada.

Chegamos a igreja pentecostal onde nos aguardavam mais de 1500 crianças, ufa! Tivemos de montar uma estratégia ferrenha para dar conta de todas essas crianças e não deixar nenhuma sem presente. Como já sabíamos que haveria muito mais crianças (ano passado foram 800 apenas), separamos presentes coringa, apenas com bola, ou seja, poderia ser dado tanto para meninos como para meninas.



Pedimos para que todos os meninos e meninas saíssem da igreja por portas separadas, eles teriam de dar a volta na igreja entrar cada um por um lado distinto. Na teoria tudo é fácil mas na prática houve uma revolução pq não havia cristo que colocasse as meninas em fila, elas se amontoaram na porta no maior empurra empurra. Enquanto isso do outro lado os meninos estavam lá bonitinhos na fila, tudo bem que eles não eram tantos quanto as meninas e a fila também não era assim tão organizada, RS.

Na igreja havia 4 portas e colocamos 2 “seguranças” em cada uma, assim quem entrasse e ganhasse o presente não poderia sair e entrar na fila novamente (sim eles fazem isso). Começou a distribuição as crianças entravam bonitinhas e enquanto alguns amigos davam os presentes outros as encaminhavam para sentarem no fundo da igreja.



Tudo lindo na teoria... Até começarem a aparecer uns toquinhos de gente menor que os pacotinhos que nos dávamos. Não sei como elas conseguiam entrar, mas o fato é que elas entravam sozinhas e logo abriam o berreiro.. Judiação!!!! Lá vamos nós pegá-las no colo e tentar achar a mãe da criaturinha. Tarefa nada fácil diga-se de passagem, já que as mães estavam do lado de fora e não podiam entrar.

Quando a igreja começou a encher de novo é que os problemas realmente começaram. Quem foi que disse que crianças ficam sentadinhas no banco? Vem um vem outro e o tumulto está formado:

_ Tia eu não ganhei presente
_ Tia roubaram meu presente
_ Tia eu não ganhei carrinho
_ Tia eu perdi meu sapato
_ Tia to procurando minha irmã
_ Tia dá só água para a Bébé
_ Tia, Tia, Tia....

A tia aqui de braços e pernas abertas tentando impedir que elas passassem para a parte da frente onde as outras crianças ainda estavam entrando e ganhando seus presentes acabou o dia completamente em frangalhos...

Afê, criançada danada!



Deu um trabalhão, mas ninguém ficou sem brinquedo (as crianças que disseram não ter ganhado estavam faltando com a verdade já que só entrava uma por vez pela porta, era impossível entrar e não ganhar nada...).

Mais uma vez os amigos foram embora felizes pela tarefa cumprida e cheios de idéias para o ano que vem. A campanha do material escolar vem ai, afinal não é só de brinquedos que se fazem crianças felizes...

Cabe aqui um agradecimento especial a todos que contribuíram financeiramente para que pudéssemos alcançar a nossa meta e não deixar nenhuma criança da comunidade Golf II sem brinquedo.

OBRIGADA!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

O Encontro Desse Olhar



Muita gente reclama que em Luanda não tem nada para se fazer, o que em partes é verdade, mas o que muita gente não sabe é que existe um circuito cultural no Instituto Camões, no Museu de Ciência Natural, na Galeria Celamar, no Teatro Elinga, no Cefojor e etc.

O problema é que o trabalho de assessoria de imprensa daqui é péssimo e a maioria das vezes nós só ficamos sabendo dos eventos depois que eles já acabaram. Ou então tem uma notinha falando que vai acontecer, mas não fala o endereço nem horário.

Como eu já estou aqui a 9 meses já conheço alguns dos lugares onde acontecem os eventos e vira e mexe dou um pulinho lá para conferir a programação do mês.

Essa semana o Instituto Camões apresenta uma seleção de filmes sobre a bossa nova, todos os dias as 18:30 com entrada franca. Amanhã para o encerramento vai haver um show ao vivo com o Mário Garnacho e Sonia Cunha, não dá para perder, né?!

O Museu da Ciência Natural está com a exposição Abismos até meados de janeiro se não me engano. A entrada é KZ 500,00. Essa exposição tem filmes e fotos incríveis das profundezas do oceano.

A galeria Celamar tem sempre exposições de fotografias e pintura abertas ao público. Essa semana eu não sei o que está rolando por lá. Mas independente da exposição só o espaço vale a visita é um misto de galeria com oficina de artes e praia...

O Teatro Elinga sempre tem uma programação diferente e abre de quinta a domingo. Também não sei qual é a boa dessa semana. Mas para os descolados vale a pena conferir o som que rola depois da meia noite nesse casarão que apesar de estar em completo abandono é cheio de charme e nostalgia. Todo final de mês tem show de reggae ao vivo por lá.

No CEFOJOR (Centro de Formação de Jornalistas), sempre tem lançamento de livros como o de Capoeira Brasileira que teve show de tambores e capoeira angolana de primeiríssima. Também é lá que acontece a feira de livro. Semana passada teve o lançamento de um DVD. Mas para saber a programação dos eventos só ficando de olho nos jornais mesmo...

Endereços:

Instituto Camões – Av de Portugal, 75 (ao lado da embaixada portuguesa)
Museu da Ciência Natural – Na rua atrás do Hotel Trópico na esquina de cima, (não sei o endereço)
Galeria Celemar – Na entrada da Ilha do Cabo coladinho com o restaurante chinês.
Teatro Elinga – Na baixa de Luanda na rua atrás do prédio do BPC vire a esquerda, é um casarão antigo e não tem placa na porta o jeito é perguntar mesmo...

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008



O Grupo Amigos por Angola é uma organização não governamental formada principalmente por expatriados que cansaram de ver tanta pobreza. Em vez de reclamar do governo, que tem tanto dinheiro e nada faz para mudar a realidade de milhares de crianças, o GAPA resolveu unir forças e fazer um pouquinho para trazer o mínimo de alegria para algumas crianças carentes. Afinal elas não têm culpa nenhuma da enorme desigualdade social desse país.



No último domingo os amigos se reuniram para entregar mais de 500 kits de brinquedos para crianças carentes da comunidade do Catete. Fomos bem cedo e na estrada, ainda bem longe da igreja pentecostal onde seria feita a entrega dos kits, já víamos as crianças caminhando na estrada. Vinham em grupos, com irmãos levando os irmãos mais novos nas costas, de mãos dadas, com o coração a mil e os olhinhos cheios de brilho.



É impossível descrever a emoção que se seguiu a nossa chegada. Mais de 500 crianças sentadinhas, organizadinhas, quietinhas nos olhando cheias de expectativa pelo seu pacotinho.



Antes da entrega o pastor fez uma oração de agradecimento e todas as crianças, de olhinhos fechados, mãozinhas unidas em posição de prece oraram em agradecimento. A energia daquele momento foi tão intensa que não teve um só dos Amigos que não tenha chorado, mesmo que as lágrimas não tenham escorrido pela face.



O momento mais difícil para os Amigos foi ver que no final os kits não foram suficientes, faltaram aproximadamente 50. Algumas crianças choravam por não ter o seu pacotinho, outras simplesmente nos olhavam com aquele olharzinho de desilusão que acaba com a gente. Elas não vão ficar sem presentes, mas vão ter de voltar à igreja em outro dia para pegar. A frustração delas só não é maior do que a nossa...



O ato foi simbólico, apenas alguns brinquedos para poucas crianças, não vai mudar o futuro de ninguém, não vai diminuir o sofrimento de ninguém... Mas, tem alguma coisa melhor nesse mundo do que o sorriso sincero no rosto de uma criança? A carinha de felicidade de crianças que nunca tiveram um brinquedo na vida?



A gente não pode mudar a realidade difícil dessas crianças, mas podemos sim trazer um pouquinho de alegria para elas.

No próximo final de semana o GAPA irá fazer mais duas entregas, serão mais 1.500 kits e para isso precisa de ajuda tanto financeira quanto física para a montagem dos kits e distribuição.



Quem quiser ajudar deixe um comentário com o e-mail para contato.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Lobito



Uma viagem de trabalho de última hora me tirou dos últimos dois dias de Festival, uma pena... Mas como o que não tem remédio, remediado está o jeito foi aproveitar a viagem de trabalho para conhecer outro lugar lindo desse país.

Lobito é realmente uma cidade acolhedora, com ruas amplas, arborizadas, limpas, sem trânsito e com o oceano atlântico de um lado e uma pequena baía do outro. As pessoas são muito simpáticas e acolhedoras, em nada lembra a confusão de Luanda.



Bom, por enquanto não lembra, pois em breve Lobito irá viver uma revolução. São inúmeros os investimentos na região. O porto está sendo reformado e pretende-se que seja o maior do país. Uma refinaria com investimentos superiores a 6 bilhões de dólares começará a ser construída em 2009.

O mercado imobiliário está passando por uma crise, não existem imóveis disponíveis e casinhas de 3 quartos estão sendo vendidas por 1 milhão de dólares. Os terrenos estão valendo ouro na restinga, região nobre de Lobito.



Mas enquanto o caos não chega, e espero que não chegue, a região é linda para um passeio de final de semana, são apenas 5 horas de carro ou 37 minutos de avião.

Ir para Lobito de avião é uma experiência a parte, se as pessoas acham o terminal internacional confuso, é porque não conhece o terminal doméstico,rs. Aqui a confusão começa para comprar a passagem que é emitida na hora a mão. Depois espera-se na sala de embarque um ônibus que quando chega faz com que todos que estão no terminal levantem para saber se é esse ou não o do seu vôo já que não há informações em telas eletrônicas ou sistema de som.

O vôo em sim é excelente, o avião e o serviço dentro do esperado para um vôo tão curto e a paisagem lá de cima realmente é espetacular. Mas ao chegar em Catumbela lembro de novo que estamos em Angola. Pra começar ao descer do avião não tem ônibus para nos levar e ficamos no meio da pista a espera. Depois ao chegar no terminal sou encaminhada direto para emigração enquanto os outros passageiros passam normalmente.



Me pergunto, mas como será que descobriram que eu era estrangeira? Sotaque? Eu nem abri a boca, pelo passaporte? Não ele não foi solicitado em nenhum momento...

Ah já sei, o meu bronzeado do projeto angolana 2009 ainda não está 100%. Para os fiscais do aeroporto só os branquinhos são estrangeiros os negros são todos angolanos...

Seria isso um sinal claro de preconceito ou estou vendo fantasmas onde não há? Enquanto estava aguardando na fila da emigração uma angolana morena clara foi interpelada para ir ao guiche de emigração e causou maior rebuliço, disse que não ia e queria saber por que ela tinha de ir já que ninguém mais tinha ido, exigiu a presença do gerente e só quando o superior chegou é que mostrou seu passaporte angolano...

É amiga, discriminação aqui não é só para estrangeiros, basta fugir do padrão...