quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A Torcida Angolana


Show pirotécnico na festa de encerramento.

Que o CAN acabou todo mundo já sabe.

Que o Egito foi o grande campeão, com três títulos consecutivos e sete ao todo, todo mundo já sabe.

Que os estádios ficaram vazios em vários jogos, também não é novidade.

Mas, como a torcida angolana é animada, colorida e excêntrica acho que ninguém falou ainda.

Então, seguem algumas fotinhos do jogo Angola e Malawi para ilustrar essa torcida tão bonita.


Torcida organizada chegando ao estádio 11 de novembro em Luanda


Estádio começando a encher antes do jogo Angola X Malawi


Torcedora com cabelos personalizados


Torcedores fantasiados de bandeira.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Financial Times



Parece que o Can organizado em Angola para mostrar ao mundo o quão organizado e seguro o país está depois de anos de guerra cívil está saindo pela culatra.

Veja abaixo matéria publicada no Financial Times 1 dia após o encerramento do CAN.

01/02/2010 - 02h24
Contradições atrapalham o caminho de Angola até a prosperidade
Richard Lapper
Financial Times


Tem sido difícil para Teresa Antônio conter sua raiva. Nos dois últimos anos, a estudante de 20 anos tem tentado persuadir seus vizinhos a vacinar seus filhos e a usar redes contra mosquitos.

Isso é parte de um programa do governo para combater doenças que deram a um dos mais ricos países da África um dos mais altos índices de mortalidade infantil do mundo.

Mas tamanha é a letargia dos funcionários do setor de saúde e dos burocratas na cidade de Cacuaco, leste de Luanda, a desordenada capital de Angola, que Teresa começa a achar que seus esforços são inúteis.

“A enfermeira chega tarde, e há muitos atrasos”, ela reclama. “Se não houver uma melhora no serviço, não tem por que nos importarmos. Estamos realmente desmotivados.”

Sua experiência enfatiza as contradições de Angola. Petróleo abundante e seis anos de crescimento econômico de dois dígitos após uma longa guerra civil a tornaram um dos mais agitados mercados emergentes do mundo.

Nos últimos anos, com o apoio de financiamento chinês, o governo investiu bilhões de dólares em infraestrutura. Empresas de bens de consumo brasileiras, portuguesas e sul-africanas estão correndo para obter acesso a um mercado interno em ascensão.

Mas oito anos após o final de seu conflito civil de três décadas, a administração de Angola ainda está encontrando dificuldades para se livrar de sua reputação de país com altíssima corrupção e governo autocrata. Críticos dizem que a aprovação da semana passada de mudanças constitucionais, que na verdade adiarão as eleições presidenciais por mais três anos, fortalecerá o poder executivo.

José Eduardo dos Santos é o presidente desde 1979 – um dos líderes da África que por mais tempo governaram – e sua família vem juntando uma enorme fortuna desde então. A última eleição presidencial em 1992 terminou em caos e reiniciou a guerra civil.

Os críticos também condenam o dinheiro gasto em quatro estádios de futebol para receber a Copa Africana das Nações. Seu início, no começo deste mês, foi ofuscado por um ataque feito por guerrilhas separatistas na província de Cabinda, a um ônibus que levava a equipe de Togo, que matou três pessoas. Ele levou a uma repressão sobre opositores do governo e ativistas de direitos humanos.

Além de estradas e pontes, muitas das quais estão sendo construídas por empresas chinesas e brasileiras, Angola está construindo hospitais e escolas, e ampliando a rede hídrica. Enquanto um quinto de seu orçamento é encaminhado para a defesa e a segurança, mais de um terço está sendo destinado à saúde, à educação e outros setores sociais este ano.

Koen Vanormelingen, repesentante da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), diz que há “uma janela de oportunidade para conseguir acertar as coisas”. Mas ele diz ainda que uma das maiores dificuldades é uma escassez crônica de habilidades, citando novos hospitais que não podem abrir por falta de equipe treinada. “Eles estão fazendo a parte fácil: construir a infraestrutura. O difícil é elevar a qualidade dos serviços”.

Apesar de persistentes alegações de mau uso de fundos por uma elite política e empresarial, existem alguns indícios de renovação nas atitudes. As autoridades esperam atrair, por meio de subsídios, clínicas particulares para oferecerem serviços para os pobres. Nos últimos anos, centenas de médicos cubanos também vieram ao país. Oficiais também parecem estar interessados nos programas sociais do governo brasileiro, que reduziram a pobreza por meio de uma bolsa de auxílio que depende de frequência às escolas e aos programas de saúde.

Mas a experiência de Teresa Antônio sugere que o governo precisa atacar a burocracia e a incompetência também. Voluntários da área de saúde protestam que há quase um ano não recebem um salário mensal de $ 50, pago pelo governo da província.

Até os durões médicos cubanos estão achando a situação difícil. Karina, 36, cujo pai lutou junto com o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) 23 anos atrás, admite que trabalhar em Angola é frustrante.

“É um país rico”, ela diz. “Mas eles [os angolanos] não sabem como tirar vantagem disso”.