sexta-feira, 18 de julho de 2008
Com outros olhos
Quando a gente pára e olha para Luanda com olhos de quem está de fora dessa loucura, começa a achar os encantos escondidos atrás do caos que essa cidade se tornou. Hoje decidi que não iria entrar na paranóia, sai de casa tarde, peguei um belo trânsito para chegar no trabalho, mas ao contrário de todos os dias eu fui o trajeto todo observando a cidade, como se eu não fosse mais uma coadjuvante na história e sim uma expectadora.
Vi crianças sem brinquedo, animadas que transformam pneus velhos em velozes cavalos que voam pela sua imaginação mesmo no meio da correria discreta da avenida. Vi mulheres de tribos vindas de províncias longíncuas com as suas argolas nas pernas e braços dando um brilho todo especial ao trabalho do dia a dia. Vi senhoras enroladas em seus panos para se proteger do frio. Vi ruas cheias de gente que vão e vem e muitas que ficam paradas a espera que o tempo passe. Vi o descaso, mas vi a alegria também de homens dançando kuduru logo pela manhã.
Percebi que não adianta xingar e praguejar o motorista ao lado, isso de nada adianta. O trânsito não passa mais rápido e a única que perde sou eu com o estresse. Hoje eu percebi que não adianta recriminar e não fazer nada para mudar. Se eu não posso mudar eu vou pelo menos procurar as belezas escondidas da cidade.
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6 comentários:
Menina de Angola, isso quer dizer que compraste os teus óculos cor-de-rosa!! Se não conseguimos mudar o nosso país muito menos vamos conseguí-lo com outro, tão diferente do nosso. Quando falo nos óculos cor-de-rosa não quero dizer que estou imune às coisas feias e que chocam mas sim que consigo ver felicidade na cidade, nas pessoas, nas crianças, mesmo com um monte de lixo ao lado ou falta de água e luz. Não significa que nos tornamos frias ou insensíveis. :o)
Mas ao contrário de ti, regra geral de manhã, esqueço-me de pôr os óculos e a minha viagem é pautada por muito mau humor... mau feitio! ahahah
Beijo
É, eu acho que aí a solução é mesmo ter óculos cor-de-rosa. Não significa fechar os olhos para a tristeza ao redor, e sim, conseguir ver as belezas da terra.
Estresse não vai mudar nada mesmo, não é? Um grande bj. Paty
eu também me dedico ao exercício de observar luanda diariamente. e gosto do que vejo.
Iraldo
http://angolaemfotos.blogspot.com
Esta é uma cidade muito especial. É preciso ver, não apenas olhar...
Olá Menina de Angola.
Adorei o seu blog.... li ele todinho, e já está gravado em meus favoritos!!!! Gostaria de te perguntar algumas coisas, mas não aqui pelo blog, mas não encontrei seu e-mail. Se não for incomodo peço que me responda..... meu e-mail é ft.vicentini@gmail.com.
Boa sorte aí!!!!
Ui Menina de Angola!...Que dizer se durante tantos anos «botei como dizem alegremente os brasileiros» óculos cor-de-rosa e tantos, mas tantos de cor verde, de esperança!Onde anda a minha esperança?
Passe no Rocha Pinto...só na estrada e olhe apenas para a direita. No regresso do lado contrário, você pode olhar que vai ver sempre igual.
Menina de Angola, sabe que de promessas está o inferno cheio?
Ou será que estamos nesse INFERNO?
Beijo querida
Massaroca
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