terça-feira, 29 de abril de 2008

Abrindo um parêntese



Foto by Psicólogo, maroto e centrado

Esse blog era para ser só sobre Angola, mas aqui as vezes eu me sinto tão sozinha quanto esse tanque esquecido em um canto da estrada, marcas de uma guerra que acabou, mas ainda não foi esquecida.

Hoje vai ser o dia do colo. Tem horas que a saudade bate de verdade, essa madrugada eu acordei com um torpedinho da minha sobrinha (linda!).

Por mais que o pessoal do trabalho esteja sempre junto e invente e reinvente formas de passar o tempo e espantar o tédio, ele não passa.

Por mais que o pessoal esteja disposto a ser seu amigo, eles não são os meus verdadeiros amigos.

Muitas vezes me sinto como uma peça de quebra-cabeça que foi misturada as peças de um outro quebra-cabeça e nesse eu não me encaixo.

Ontem eu li um blog (http://www.cronicasdeguardanapo.blogspot.com), que refleti exatamente como me sinto hoje, segue um trecho do blog:

Outro dia

Tem dias que, sem motivo ou explicação, uma tristeza gigantesca invade minha alma. Aí fica reverberando nos ossos aquela saudade imensa de não sei bem o quê, que tira o brilho dos meus olhos e deixa meu sorriso opaco. Uma quase dor latente que dá um sono e uma preguiça danada, às vezes até de falar, acreditem. E me faltam respostas ou justificativas. E reviro os bolsos da minha existência, vasculho os cantinhos pouco varridos da vida, e nada. Nada explica essa minha tristeza. Nem a programação pobre da tv, nem avenida engarrafada. É meu dia de reticências. Sem alegrias nem tragédias, sem sorrisos verdadeiros nem elogios falsos. Tem dias que uma tristeza gigantesca invade minha alma, uma tristeza que não é minha. Espero que amanhã não seja um destes dias. Porque hoje já não tem como não ser.
por André Debevc

Eu só espero que realmente amanhã não seja um destes dias...

segunda-feira, 28 de abril de 2008

O Museu da Escravatura



Luanda era um dos pontos na África de onde eram embarcados os escravos para o Brasil. A escravidão acabou, mas ao entrar nesse pequeno símbolo do que foi o terror da escravidão é impossível não se emocionar...



A placa traz um trecho do discurso feito por Martin Luther King, dizendo que não se envergonhava do passado doloroso da escravidão e sim se envergonha de quem os escravizou.

Eu me envergonho!!!

O atalho



Que a praia aqui perto é suja eu já havia dito, mas eu já disse que a gente faz um rali todos os dias para ir para casa? Voltar pra casa é sempre uma aventura, com direito a praia, mar e por-do-sol...



E cada dia o por-do-sol é de uma cor. Eu já disse isso, né? Mas eu não canso de admirar o céu de Luanda...

Os carros de Luanda



Luanda tem uma poeira danada devido ao calor e as ruas de terra, mas é impressionante, os carros estão sempre brilhando. Isso os brasileiros precisam copiar dos Angolanos, eles lavam os carros só com um baldezinho de água. Em qualquer lugar que vc parar vai encontrar alguém disposto a lavar seu carro.



Se o brasileiros são apaixonados por carros, os angolanos são muito mais. Eles adoram carrões, mas não fazem a menor manutenção neles, hoje um deles perdeu a roda na frente do escritório. A coisa mais comum aqui em Luanda é ver carcaças de carros jogadas em terrenos.



Mas em Luanda não existe estacionar em fila dupla, só tripla...

A chuva



O domingo trouxe chuva...

Não deu praia..

Também trouxe boas surpresas, mas nada como um dia depois do outro para estragar as surpresas...

O Desfile



Muito interessante...




Nada como um colírio para os olhos para terminar a semana bem...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

A dura realidade



Até hoje falei das coisas boas de Luanda, principalmente do por-do-dol que é lindo e cada dia de uma cor. Mas hoje vi muito de perto a realidade de mais de 70% da população de Luanda. O motorista que foi me pegar veio cortando caminho pelas musseques, mas por regiões que nem nos meus piores pesadelos eu poderia imaginar.

Não tenho fotos para mostrar, já que aqui não se pode fotografar a miséria e corre-se o risco de ficar sem camera.Ver mulheres carregando pesadas bacias com coisas na cabeça para vender, grávidas e com outro bebe amarrado nas costas é lugar comum em Angola, mas ver uma criança com deficiência mental acorrentada a uma roda é dificíl de digerir.

Ver lixo na rua é comum em Luanda, mas ver uma rua inteira cheia de lixo com crianças pequeninas brincando enquanto as galinha que logo vão virar janta se alimentam de lixo em putrefação, é difícil de processar.

Ver crianças magricelinhas é parte da paisagem, mas ver crianças carregando crianças nas costas com seus cabelos amarelados não é tão poético como as fotos podem parecer.

A primeira criança que eu vi com os cabelos amarelos eu achei que era blondor, talvez alguma moda maluca daqui, mas descobri que o amarelo dos cabelos é devido a desnutrição.

Mulheres cozinhando no chão em pequenas brasas de carvão, mulheres com latas de água na cabeça, mulheres com botijão de gás na cabeça, mulheres, mulheres...

Luanda é uma cidade machista e as mulheres dão um duro danado...

segunda-feira, 21 de abril de 2008

A Praia



Finalmente....

A praia...

É simplesmente maravilhosa, saindo de Luanda não tem lixo, também praticamente não tem gente, os Angolanos não costumam frequentar muito a praia.

O miradouro da lua é um lugar lindo cheio de falésias onde você pode párar o carro e observar o mar e o por-do-sol, mas como o acesso é fácil tem muito lixo jogado nas enconstas.

domingo, 13 de abril de 2008

As cores



Os finais de tarde aqui de Luanda têm cores incríveis e nunca são iguais. As núvens trouxeram uma luz especial ontem...

sábado, 12 de abril de 2008

O Imbundeiro



Essa árvore linda é o símbolo da África, as que sobreviveram a guerra e a ocupação desordenada da cidade hoje são protegidas por lei, nenhum imbundeiro pode ser derrubado.

Essa árvore lida fica na rua de cima do condomínio onde estou morando.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

A caminho da nova casa



Hoje eu mudei para a minha nova casa.

2 horas no trânsito.

Um lindo por do sol.

E finalmente eu tenho pessoas para conversar a noite.I´m so happy!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

A malária



O terror de todo estrangeiro em Angola é pegar Malária. Comigo não foi diferente...

A minha adaptação tem sido marcada por alergias, tosse, gripe e insônia.Estou tentando dormir sábado a noite com um frioooooooo, e resolvi tirar minha temperatura, só por curiosidade já que não tinha nada para fazer.... 37,5!!!!Meu deus... tô com malária! Liguei para um dos Brazucas: SOS, febre, dor no corpo, tosse....

A rede de SOS foi ativada e depois de um ligar para o outro chega meu motorista preferido que me chama de "meu bebe" e lá fomos nós de novo para o hospital.

O médico um louco que fala gritando, acho que é russo, após o teste dar negativo ele não disse o que eu tinha me encheu de remédios me mandou ficar 5 dias em casa (aposto que ele queria que eu tivesse um surto,rs), e me mandou embora com fortes recomendações para que eu voltasse depois de 5 dias...Falou, então!!!

Os vendedores de Farol



Como em Luanda praticamente não existe farol, também não existem vendedores de farol. Eles ficam em toda a avenida de ponta a ponta e vendem absolutamente de tudo.

Quando eu digo tudo é tudo mesmo.

Roupas
Ternos
Mata ratos
Pilhas
Eletrodomésticos
Fraldas
Saca rolha
Móveis
Pasta executiva
Comidas

Enfim, se você precisar de alguma coisa em Luanda, basta dar uma voltinha por uma das avenidas congestionadas...

Os contrastes de Luanda



Luanda é simplesmente cheia de constrastes.

Muita riqueza e muita pobreza.

De um lado um prédio inacabado desde 1975 que foi invadido e do outro a alta tecnologia empregada nas novas construções.

O Churrasco



Construtoras com muitos engenheiros brasileiros...
Hospital com muitas enfermeiras brasileiras...
Alguém teve a idéia...
Por que não fazer uma confraternização?
Eis um churrasco típico brasileiro, piscina, sol, churrasqueiro gaúcho, cerveja e a maldita música do creu...

O resultado? Fica por conta da imaginação de cada um... rs

O Primeiro Vôo solo



Sexta-feira foi feriado aqui em Angola, dia da Paz e da Reconciliação Nacional. Acordei tarde, tomei aquele banho e me animei a sair para passear pela cidade, a pé e sozinha...

Well, confesso, tomei alguns sustos pelo caminho, muitas pessoas jogadas pelas ruas, aquele olhar vazio, muitas mulheres vendendo comida no chão com seus bebes amarrados nas costas.

Estava quente, mas não insuportável e batia um ventinho agradável. Nessa época do ano o clima é muito agradável, faz sol, chove e a noite sempre tem um ventinho.

Sai andando meio sem rumo olhando as ruas, as pessoas, as construções e procurando o mar, desiste de chegar até a avenida marginal e me contentei com a vista do mirante com a Ilha de Luanda ao fundo.

Terminei minha jornada no museu de história natural quando um dos brazucas me ligou para ir a um churrasco e veio me resgatar.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

A herança da colonização



A colonização portuguesa deixou na cidade várias construções lindas, muitas permaneceram de pé após a guerra cívil que se arrastou por 30 anos e destruiu toda a infra-estrutura do país. A foto acima mostra o famoso Banco BNA, cartão postal de Luanda, instalado numa construção portuguesa.

Aqui o forte que permanece imponente no alto de um morro vigiando a baia, hoje ponto de turístico.

As belezas de Luanda



Luanda é uma cidade com muitas belezas naturais, uma delas é a Baia de Luanda que vista de um dos prédios altos da cidade impressiona pela sua curvatura natural. Mas, eis que alguém teve a idéia... Vamos aterrá-la e lá foram eles, estão aterrando a baía...



Outra paisagem linda é o Morro da Rocha, de longe impressiona pelas falésias e o mar, mas de perto não passa de um morro com uma musseque em cima e muito, muito,muito lixo em volta.

Mas, asssim que as minhas perebas forem embora eu vou para a praia conhecer as verdadeiras belezas de Angola...

O Lixo



O que mais me impressiona em Luanda é que simplesmente não existe reciclagem de nada, com uma população tão carente ninguém investe em geração de emprego para reciclagem de latinhas, ou garrafas pets.

O lixo simplesmente fica espalhado pelas musseques.

A primeira crise de choro



Os constrastes de Luanda são impressionantes.De um lado condomínios com casas de 70m²que custam US$ 600.000 e de outro musseques (favelas), sem água encanada ou energia elétrica e pessoas espalhadas pelas ruas a espera que o tempo passe.

Aqui tudo é muito devagar o que a gente mais escuta é tenha calma, tenha pasciência. Apesar da cidade toda viver um frenesi tremendo por conta das inúmeras construções faraônicas e dos trabalhos de infra-estrutura tudo vai indo um dia de cada vez, sem pressa.

No meu sexto dia em Luanda com perebas, ainda morando num hotel e sem minha mesinha de trabalho definida, desabei e chorei...

O Primeiro dia de Trabalho



O primeiro dia de trabalho começa com a jornada até o escritório, com o trânsito maluco de Luanda com carrões importados circulando ao lado das candongas (uma espécie de lotação, já que aqui em Angola não existe ônibus ou metrô).

No escritório eu descubro que Luanda é uma verdadeira torre de babel, com brasileiros, coreanos, portugueses, jordanianos, filipinos, sulafricanos e claro angolanos trabalhando juntos e falando cada um o seu idioma ao mesmo tempo.

A primeira reunião de trabalho foi toda em inglês. Jesus!!!

A Balada



Imaginem um bar lotado de estrangeiros, de frente para o mar, com acesso a praia e tocando um som no estilo balada



Agora pague US$ 25 para entrar e US$ 10 por uma mísera cervejinha. Junte Angolanas muito bonitas com um gingado invejável...



Pronto, você está numa balada Angolana!

As Perebas


Meu terceiro dia em Angola foi marcado pelo aparecimento de perebas que rapidamente se espalharam pelo corpo todo. Provavelmente causadas pela ingestão de coca-cola light vencida, aqui é comum elas serem vendidas com o prazo de validade muito, mas muito mesmo vencido...

Fui ao médico, os Angolanos são muito afetuosos com os doentinhos e me trataram muito bem.


Agora estou proibida de tomar refigerantes, comer peixes, chocolates e enlatados.
Eu cheguei aqui toda preocupada com a água , o gelo, as comidas típicas e foi justamente uma coca-cola que me trouxe a primeira reação alérgica....

O Final de Semana


O final de semana foi bem ao estilo Angolano arrastaaaaaaaddooooooo...
Muito sol, muito sossego e de presente uma libelula na antena do carro.
Seria um sinal de transformações?