sábado, 24 de setembro de 2011

Tráfico de seres humanos


Foto: Angola In

Hoje quando estava lendo o jornal me deparei com um anúncio do Jornal de Angola que faz parte de uma campanha nacional contra o rapto de crianças em Angola.

Na mesma hora eu lembrei do dia que contei para os meus pais que tinha recebido uma proposta de trabalho em Angola. O meu pai como sempre centrado foi logo dizendo “Tem de ver bem se vale a pena”. Minha mãe entrou em pânico e foi logo dizendo que eu ia ser raptada, que era um golpe que eu ia virar escrava sexual ou alguma coisa do genero.

Há quase quatro anos atrás não era raro ouvir falar desses tipos de golpes. Hoje em dia não se fala tanto, mas o tráfico de seres humanos tanto adultos como crianças não para de crescer em todo o mundo.

De vez enquando um ou outro sumiço de criança ganha a mídia internacional, mas apesar da pouca divulgação as crianças dos países pobres são grades vítimas.

As causas são inúmeras, pobreza, falta de tempo da família para tomar conta dos inúmeros filhos e grande ingenuidade das crianças que se iludem facilmente.

A Organização Mundial do Trabalho calcula que por ano haja cerca de 700 mil de pessoas vítimas de tráfico, dessas 90% são meninas e 80% são usadas para exploração sexual. No mundo todo são mais de 5 milhões de vítimas vivendo em condições de tráfico.

Hoje de manhã no caminho do trabalho em meio ao trânsito infernal da Ho Chi Min(esse nome chinês por incrível que possa parecer é o nome de uma importante avenida de Luanda, mais uma prova incontestável da influência que a China exerce em Angola), parada no trânsito vi um senhor bem apanhado descer do carro e ralhar com duas crianças que andavam pela rua a mendigar.

De onde eu estava não dava para ouvir o que ele dizia, só dava para ver que o Sr. ficou muito bravo, agarrou o telefone na mesma hora e ligou para alguém. Os dois meninos, um com no máximo 10 anos que carregava o outro nas costas que não devia ter mais de 6 anos, possivelmente irmãos. Ficaram ali parados com cara de cachorrinho que caiu da mudança.

Não demorou muito para o trânsito andar o senhor seguir seu caminho e as crianças voltarem para a rua e continuarem esmolando. Um cena corriqueira em cidades grandes nos países em desenvolvimento.

Quantas dessas crianças que vão para a rua esmolar já devem ter desaparecido para sempre vítimas de traficantes de seres humanos? Quantas dessas crianças não poderiam ter um futuro diferente se em vez de achar normal a cena, nós tivessemos ralhados com elas também e mandado-as pra casa?

A campanha no jornal contra o tráfico de seres vivos num primeiro momento me pareceu totalmente sem nexo, mas a verdade é que não só a família, os professores e os amigos têm de se preocupar e sim toda a sociedade, somos todos parte de uma estrutura única e não podemos virar a cara para o perigo eminente, não podemos mais achar normal que uma criança fique na porta do supermercado passando uma mãozinha na barriga e dizendo “Madinha, tenho fome” enquanto estende a outra mãozinha pra você esperando por míseros trocados.

23/09 dia mundial contra o tráfico de humanos e exploração sexual.

Faça a sua parte, denúncie!

Somos responsáveis tanto pelo que fazemos quanto pelo que deixamos de fazer.

2 comentários:

Julia disse...

San,
Ho Chi Min fica no Vietnam e nao na China…rsss...

Menina de Angola disse...

Eu sei que Ho Chi Min é uma cidade do Vietnan, mas o nome Ho Chi Min é chinês e significa aquele que ilumina. A av Ho Chi Min de Angola é uma homenagem a China e não ao Vietnan, por acaso Saigon só passou a se chamar Ho Chi Min em 1975 em homenagem ao revolucionário Ho Chi MIn que viveu muitos anos na China e ajudou a China a lutar contra as ofensivas japonesas ensinando política e táticas de guerrilha...
bom mas isso é uma outra história.O que importa é que em Angola a China está presente no dia a dia e de várias formas...