terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Pambala


Pambala é mais uma dessas jóias do atlântico escondidas no litoral angolano. Apesar de ser muito próxima de Luanda, chegar até lá não é tarefa das mais fáceis, já que não existe nenhuma placa ou indicação de caminho.

A primeira vez que ouvi falar dessa praia foi em Cabo Ledo quando um grupo de franceses que estavam acampados ao nosso lado perguntou se conhecíamos. Eles disseram que queriam ir até lá, mas não sabiam exatamente como chegar, e que algumas pessoas lhes haviam dito que era uma praia maravilhosa de coqueiros e areia branquinha.Parece roteiro de cinema no melhor estilo a Ilha, uma praia secreta, difícil de achar que apenas poucos privilegiados descobrem o caminho, rs.

Na realidade o que falta é informação mesmo. Pois a praia não está nenhum pouco escondida, são kms e mais kms de areia branquinha e muita sombra de coqueiros para quem quiser desfrutar.



Pambala foi uma fazenda na época colonial, onde se plantava coqueiros, engraçado que em Angola não se tem o costume de tomar água de coco geladinha direto do coco verde como no Brasil. Olhar aquele mundaréu de coqueiros carregados ali na praia e não poder tomar nenhuma aguinha da uma tristeza danada.

O fim da história todo mundo sabe, o dono foi embora quando houve a guerra, depois dizem que morreu, o lugar ficou abandonado e hoje pertence a um general que não tem interesse em retomar as atividades.

Para chegar à praia que tem o mesmo nome da fazenda é preciso entrar numa estradinha há 18 km depois da Barra do Dande e ir embora estrada adentro até chegar à praia.
O lugar está um pouco sujo, devido aos resíduos que vem do mar, mas continua paradisíaco: o mar azul, as falésias do Dande ao longe e a areia branca emoldurada pelos coqueiros verdinhos fazem lembrar muito o litoral sul da Bahia. Um litoral que não existe mais graças à especulação imobiliária.

Em Pambala a paz e a beleza natural estão garantidas ainda por muitos anos, já que por essas bandas ainda não se investe em resorts faraônicos.



Existe uma pequena comunidade vivendo na vila de Pambala, os garotos são muito prestativos e podem ajudar no que for preciso, dentro das limitações que o lugar impõe é claro.

O fim de tarde é fascinante as cores do por do sol só não são mais belas do que ver o barquinho de pesca aportando com um peixe realmente fresco para o jantar.
A noite em volta da churrasqueira enquanto o peixe assa a gente ainda pode prosear com o guarda fiscal da praia. Sim, isso mesmo, uma praia deserta com peixe fresco delivery e segurança particular, rs.



Entre um gole e outro ele nos conta dos senegaleses e congolenses que tentam entrar ilegalmente no país, das plantações clandestinas de lhambra, do pai êbo que nasceu depois de uma gestação de 12 anos (sim eu disse 12 anos), já com dentes e cabelo. Fala com saudosismo das duas esposas e dos 6 filhos, os dois últimos um casal de gêmeos que ele ainda não conheceu porque está de serviço.



Pambala é a Angola bela, a Angola sem maldade, sem miséria, onde quem tem fome vai pescar, onde a terra é boa e se plantando tudo dá...

Pambala é a Angola pura, onde você pode chegar e prosear sem medo e com a cumplicidade de velhos amigos...

Pambala é a Angola que vale a pena conhecer...

12 comentários:

Thais Miguele disse...

Angola e suas surpresas! Essa eu não conheço... tentar achar no próximo fim de semana.

m.Jo. disse...

Pambala! Vejam só!
Obrigada, Menina.
bjks

NT disse...

Olá Menina de Angola!
Gostva de ir a esta praia, alem dos km, por acaso sabes mais algum ponto de referência?
Obrigado
Bom Blog tás de Parabéns...
Fica Bem

www.Mukunji.blogspot.com disse...

Boa dica, essa eu nunca havia ouvido cometário. Se vc tiver como, por favor, posta algo pra que possamos achá-la.

Abs,
http://www.mukunji.blogspot.com/

Menina de Angola disse...

Chegar em Pambala não é difícil, aproximadamente 18km depois da Barra do Dande sentido Ambris, tem uma ponte com um posto de controle.Depois do postos a segunda entradinha a esquerda é a estrada de terra da fazenda. Vcs vão andar mais ou menos 2km nessa estrada até chegar na praia. Não tem nenhuma placa. Mas todo mundo ali conhece, caso se percam é só perguntar pra quem estiver andando pela estrada.

Boa praia!

Sousa Varela disse...

Sou um amante de praias, e louco por pesca. Gostaria de poder publicar algumas imagens e textos do teu blog, no meu blog de pesca.
Espero um feedback.
Abraços
Menina de Angola

Menina de Angola disse...

Sousa, sem problemas, só coloque o crédito.

um abraço

Paulo Couto disse...

È de facto um paraíso, estive lá o fim de semana passado, recomendo, eu próprio vou voltar

Paulo Couto disse...

È de facto um paraíso, eu estive lá o fim de semana passado e recomendo, vou voltar de certeza

victor forte disse...

desconhecia que havia algo por aqui sobre a Pambala É realmente como todos atráz dizem
Sou angolano nascido em Luanda assim como meus pais e avós Conheci alguém muito chegado q ali viveu plantou milhares de coqueiros além da pesca a que tb se dedicava tinha tb ali bastante gado Esse !!!!!!!!!!colono??? antes de estar ali estava noutra fazenda (libongo) Não morreu ali mas sim mais a norte do Ambriz Minhas férias escolares eram sempre passadas lá Tinha uma praia bastante Extensa Após o inicio da guerra de libertação só ali voltei mais uma vez julgo q em julho de 1998 (não estou bem recordado) mas já esse familiar tinha falecido em 1961 Depois disso nunca mais lá voltei e infelizmente deixei a minha terra em 1982 Lamento q não tenha havido até agora alguém que incremente ali uma bela zona turística Quem sabe q antes de morrer possa ir a Angola e visitar a Pambala que conheci quando jovem

Silvia Vale disse...

Meu muito querido primo Victor Forte, quando li o teu comentário o meu coração estremeceu. Sim, o meu pai era o dono da Fazenda Pambala e não era uma fazenda de coqueiros, era uma fazenda de gado,muito gado e foi morto como dizes numa outra fazenda mais a norte do Ambriz em 1961. Quase nasci na Pambala e cresci nesse paraíso, que foi meu e teu também. A vida deu muitas voltas, e o mundo continua em convulsão. Parte da minha vida morreu lá, mas guardo na saudade aquelas terras e o meu pai. Nunca mais voltei , nunca mais vou voltar, mas desejo felicidades a todos os que lá vivem agora.

Menina de Angola disse...

Silvia quanta emoção me traz esse seu relato. Fico feliz que minhas palavras te tragam boas lembranças de um tempo que não volta mais.