Desde que li no blog da Ju, sobre o Cabo Verdeano não canso de tentar ir até lá, mas por incrível que possa parecer já se vão mais de 6 meses sem sucesso.
A primeira vez que tentei ir era sábado e depois de rodar por toda a Chicala descobrimos onde fica, mas só abre as sextas. Na última sexta fomos nós novamente tentar encontrar o local e dessa vez tivemos sorte.
A escolha não podia ter sido melhor, música de primeira em ambiente muito simples e descontraído. O espaço é bem pequeno com muitas mesas de plástico amontoadas uma nas outras e cheio de gente disposta a aproveitar a noite de Luanda de forma saudável. A mistura de povos existente ali deixa claro a mudança social que Angola vive, são angolanos, cabo verdeanos, brasileiros, portugueses, franceses e outros europeus que o sotaque não me permite distinguir.
Do lado de fora vimos uma mesa vazia e sentamos, ai chegou o garçom e disse que a mesa estava ocupada. Quando íamos levantar o dono da mesa disse para ficarmos que ele estava sozinho e se sentava na mesa ao lado com duas moças que estavam sozinhas e insistiram para nós sentarmos também.
Tudo resolvido, mas nem tanto, chega um senhor e começa a brigar com o garçom porque ele estava lá esperando a mesa antes de nós. Toca nós levantarmos de novo, mas o casal insiste para que fiquemos e assim, voltamos para nosso lugar onde dividimos a mesa e a conversa com um casal de angolanos descendentes de Cabo Verde.
Quando o garçom demorava a nos atender todos os angolanos que estavam em volta reclamavam com o garçom que as nossas cervejas não tinham sido servidas ainda.
Entre uma cerveja e outra conversamos sobre as belezas de cabo verde, os filhos e netos do senhor que se dizia verdadeiramente apaixonado pela neta. A moça nos conta da dificuldade que tem em criar o filho sozinha. Falam da discriminação que existe no Brasil e mesmo em Angola.
A moça que é mulata nos conta que quando vai ao mercado tem de brigar para ter os preços justos por ter a pele mais clara que os outros e não aceita de forma alguma pagar mais caro por isso.
A noite corre agradavelmente com troca de experiências impossíveis de existir nas casas noturnas da Ilha. Os cantores se revezam nos microfones e no repertório entre músicas angolanas e cabo verdeanas até Alcione é tocada e cantada em coro por todos os participantes.
Mas o que faz com que todos se levantem para dançar são as músicas cabo verdeanas. Assim, entre uma música e outra vão lembrando as paisagens distantes e matando as saudades da terra que muitos nunca viram, mas povoam as lembranças de histórias contadas por seus antepassados...
Para finalizar a noite a nossa amiga deixa uma frase ecoando nas nossas cabeças.
“Eu tenho sangue negro, somos todos iguais, somos todos africanos.”
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Um comentário:
Adorei este relato! Não conheço o espaço, mas lendo o post imagino tudo. Obrigada pela partilha! Por favor, continue a presentear-nos com estas maravilhosas mensagens.
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