terça-feira, 14 de abril de 2009

A mesquita de Luanda



Angola é um país católico, mas como no Brasil acolhe todas as religiões. Desde seitas demoníacas que mantém crianças aprisionadas e violentadas, culpadas pela decadência das famílias.

A essas crianças acusadas de ter o diabo no corpo não resta muita esperança a não ser quando a polícia invade o local e as liberta. Essas operações acontecem vez ou outra, mas passado algum tempo novas seitas se formam e começa tudo de novo.

O país que acolheu o papa com festa e feriado tem poucas igrejas espalhadas pelas províncias e planeja construir um grande santuário a Mama Muxima, principal santa do país que reúne milhares de fiéis no final do ano, quando se comemora o dia da santa.

Com o apoio da TV Record a igreja Universal vem se expandindo pelo país, apela para campanhas humanitárias a favor das vítimas das chuvas no Cunene, contra o lixo nas ruas e na contramão do que disse o papa, distribui preservativo aos fiéis em seus cultos. Dessa forma pouco a pouco arrebanham fiéis que contribuem fielmente com o dízimo mensalmente.

Mas no meio dessa confusão de religiões que fazem de tudo para chamar a atenção e conquistar novos seguidores uma religião vem crescendo sem alarde nem balburdia. A religião islâmica dia a dia ganha novos devotos em toda a África, sem campanhas em TV, sem apoio do governo e com normas rígidas de conduta.

Em Angola é possível ver de perto a rapidez com que o islamismo se espalha. Todas as sextas-feiras num bairro conhecida como Mártires uma pequena mesquita se sobressai ao caos da capital da província.

Por volta das 11:00 da manhã eles começam a chegar, homens e mulheres com cabeças cobertas em seus trajes característicos. A mesquita tem 4 andares e o povo vai chegando e ocupando todos os lugares livres, deixando sapatos nas portas e janelas, por volta do meio dia a mesquita já está repleta e a rua (de terra e toda enlameada devido as chuvas), em frente a mesquita é tomada por tapetinhos coloridos e homens em preces.

Pelos alto falantes é possível ouvir as leituras do alcorão de longe. Os homens permanecem lá por horas ajoelhados sob o sol escaldante. Ninguém reclama, ninguém vai embora. As leituras continuam hora em francês, hora em árabe, hora em uma língua que não consigo identificar.

Uma energia boa se espalha pelo local, nós que observamos o movimento de longe não entendemos nada do que está sendo dito, mas sentimos a força dessa cerimônia.

Pessoas de vários cantos do mundo não param de chegar para as orações, libaneses, jordanianos e árabes são muito faceies de identificar e não são nenhuma surpresa quando chegam em seus carrões com motoristas e se misturam aos congolenses, argelinos e angolanos de igual para igual. Lá não há rico nem pobre, feio ou bonito.
Durante as orações todos ajoelham e rezam em seus tapetinhos coloridos.

Mas tem um grupo que em pequenas turmas aparecem para se juntar aos fiéis que chama a atenção. São os asiáticos, chineses, koreanos, japoneses, thailandeses, filipinos, malayos???

Assim de longe no meio da multidão não é possível identificar. Mas sem dúvida nenhuma mais uma vez vemos que o Islamismo não pára de crescer e mesmo em países com religiões milenares eles ganham força e novos adeptos.

As orações não param e nos vamos nos afastando, pois o calor, do meio dia, pra nos pobres pecadores é quase insuportável. Já um pouco afastado o fotográfo decide tirar umas fotos e é interpelado por um senhor que se diz policial e diz que é proibido tira fotos.

Já tinha ouvido essa lenda urbana aqui de Luanda, mas foi a primeira vez que a vi sendo praticada. Ele ameaça chamar a esquadra, não aceita nenhum argumento até que todas as fotos sejam apagadas...

Infelizmente devido à ignorância que ainda reina em alguns nesse país esse post não tem fotos...

Uma pena, porque não existem palavras que consigam descrever a beleza das cenas que vivenciamos na última sexta-feira santa. Enquanto as igrejas católicas estavam vazias, as ruas ao lado da mesquita do mártires estavam repletas de fiéis.

4 comentários:

Angola em Fotos disse...

É mesmo, MA. Tenho a impressão que as únicas criaturas não resistentes a fotos por aqui ainda são as crianças. Sinal que as coisas vão mudar, um dia.

Anônimo disse...

Olá querida!
O fundamentalismo, assusta-me.
Mas «crer», se calhar até faz bem!
Agora...
Beijinho
Massaroca

Wilma Rejane disse...

Sandra,

conheci seu blog através de um artigo seu (Carros de Luanda), publicado em O Patifúndio, gostei muito da sua maneira de escrever.

Moro em Teresina, Piauí, nordeste do Brasil, sou professora de Religiões, na rede Estadual. Tenho um blog, simples, com pouco mais de 100 acessos por dia, seria possível sua participação nele com um artigo sobre "Evangélicos em Angola"?

Prometo que não alterarei seu texto. Será publicado fielmente. Seria algo simples, prático, não muito extenso e é claro, à sua maneira.

O endereço do meu blog :http://atendanarocha.blogspot.com/
meu email: wilmarejane@yahoo.com.br

Aguardo resposta e me coloco a disposição para negociarmos.

Eduardo Gehrke disse...

E as religiões tradicionais?